Tuesday, November 22, 2005

Um Apartheid Ideológico

Angu não mata
Engorda o tutu
Carabina caça
Arrevoa garça
Corre tatu
Jovem esperança
Sombra descansa
Árvore dança
Rede balança
Céu azul
Bola corre
Criança corre
Carro corre
Corre ambulância
Leva Dudu
Susto passa
Uma salva
Vida salva
Salva tu
Reclama do trabalho
Do canto do canário
É cana salafrário
Que adoça o educandário
Já dizia Mussum
Camisa rasgada
Calça furada
Face suada
Gaguejadas
Não levam a lugar algum
Casa segura
Dia de chuva
Álcool com uva
Só falta mais um
Pouco de vontade
De idade
De coragem
Malandragem
Angu

Wednesday, November 16, 2005

Quando Fazemos Amor

Sabrina não gostava muito de trabalhar. Até porque não se adaptava muito bem às obrigações. Garantia-se na aproximação que tinha com os chefes. Aproximações que acumulavam várias horas extras de trabalho sexual. Certo dia engravidou de um dos chefes. O chefe não acreditou quando Sabrina disse que o filho era dele, pois imaginava que ela tivesse aquela conduta não só com ele e acabou por despedindo a moça. Grávida, sem conseguir trabalho com a barriga que crescia, tomou às ruas como sustento. A prática da venda do corpo já não tinha tantos bloqueios.
Seu Ernesto era um religioso senhor. Aposentado, adorava ir aos cultos evangélicos pregar. Sempre elegante, Seu Ernesto foi assaltado quando voltava para casa. No momento em que foi rendido pelo assaltante e teve que erguer as mãos ao alto, lhe veio à cabeça a cena diária dos cultos, momento em que ergue as mãos aos céus em louvor, enquanto o Pastor pede doações, que Seu Ernesto generosamente fazia em grandes quantias, já que não tinha netos nem parentes próximos. Associou o culto ao assalto e parou de freqüentar. Passou a ir na zona curtir o pouco de vida que lhe restava e gastar o suado dinheiro da aposentadoria. Foi abordado por uma linda garota. Muito meiga, simpática, de boa conversa. Ela, que estava ali a trabalho, e ele, que não estava ali a passeio, foram direto ao assunto. Em pouco tempo estavam no quarto, na cama, no chão, no banheiro, no sofá, no corredor... ha tanto tempo Seu Ernesto não dava uma que surpreendeu a moça, que também não era nenhuma amadora no assunto e colaborou para que o velhinho levantasse das cinzas. Cliente fiel, Sabrina e Seu Ernesto tinham uma amorosa relação de amor. Ele passava dias e noites na zona. Viajavam, saiam para jantar, para ir ao cinema, para ir ao parque. Pouco a pouco Sabrina se desvencilhava daquela vida. Passou a ter uma vida normal quando Seu Ernesto faleceu e deixou a aposentadoria para o então pequeno filho de Sabrina.