Friday, November 16, 2012

O caminho do bem



Paz
Eu peço paz
E espero não pedir demais
Mas, também não espero muito
Levanto cedo e corro atrás
não sou o único
que sabe a diferença
a diferença, é a gente que faz
mais amor, menos ofensa
e paciência, também é capaz
de mudar, mudar o nosso rumo
mudar o mundo, acho que é pedir demais
mas não desisto
não desisto jamais
de fazer
uma corrente pela paz



Friday, October 26, 2012

Criado mudo



Encalhou naquele banco de areia na manhã de 4 de outubro. Totalmente despreparado tavez pela falta de experiência, embora não fosse um marinheiro de primeira viagem, talvez pela falta de sorte, talvez pela burrice que não lhe faltava. Mas tenho que defendê-lo. Era despreocupado mesmo o sujeito. De modo que no fim do dia, após ter passado o dia todo na água resfrescando-se do calor, a maré movimentou o barco e pode prosseguir seu curso.

Thursday, October 11, 2012

Trovas em dó



Antes de o sol nascer já levantava da cama independente da temperatura que fazia lá fora. Tomava seu banho, fervia seu café com leite sem açúcar, chapava seu pão com margarina, escovava os dentes, mais um retoque nos fios de cabelo e pronto! Rumava sentido a estação central, destino da maioria dos trabalhadores daquele inicio de século.
Era meados do ano de 2002 e o fim do mundo ainda era assunto. Mas não se importava com o fim do mundo, com o inferno, com a chuva que caía, com as pessoas que andavam de guarda-chuva sob a mesma marquise. Bateu seu ponto, saiu a campo e comeu sua maçã. A partir daí tudo mudou. Uma guitarra na vitrine lhe despertou algo que nunca havia sentido na vida: a possibilidade do sucesso! Sucesso para si era ter ao redor aqueles que nunca teve. A família havia se separado em virtude da pobreza, dos problemas com as drogas e conflitos pessoais. Os amigos eram as conversas paralelas na fila do transporte, sempre em críticas ao governo. Aquela guitarra lhe projetou nos grandes palcos, o assédio, o reconhecimento e lógico o conforto da riqueza. Era do tipo que não deixava nada para depois e tratou logo de parcelar a passagem para o futuro.
Com muito esforço aprendeu sozinho a dedilhar as primeiras notas e em pouco tempo já batia as primeiras notas. Entrou para a banda da igreja e assim fazia seus primeiros amigos. Aos domingos formou seus primeiros fãs. Os solos já deslizavam como o artista da TV. Certo dia, em uma conversa paralela na fila do transporte sobre o governo e a falta de atenção aos problemas dos pobres, uma moça lhe fitou com os olhos. Inesperadamente seus olhos desviaram como se fugisse da luz do sol. E ela continuava lá, a lhe olhar. Caminhou em sua direção e elogiou seu trabalho na igreja. Neste momento aquela guitarra havia cumprido a sua missão. Começaram a sair e conheceram o amor. As circunstâncias romperam esse laço, mas a guitarra estava lá, em suas mãos, como as rédeas de seu destino.

Thursday, August 23, 2012

Afogar-se de amor


O pirata dominava os sete mares. Tinha em seu barco a sombra, o rum, o amor. O poder do canhão e da vela imponentes. Seu nome talhado a estibordo carregava a fama de muitos tesouros enterrados em ilhas desertas. Seu papagaio fiel jamais lhe daria um conselho furado. E foi no dia que o papagaio fiel lhe disse para pular que o pirata se questionou sobre sua lealdade. E o papagaio insistiu para que o pirata pulasse ao mar. O pirata então caminhou sobre a prancha, enroscou seu gancho na corda, equilibrou sua perna de pau, olhou para trás e pulou. Fez do mar sua moradia. Agora sem barco, sem rum, sem canhão, sem vela. Apenas o pirata e o mar. De longe, o eco do papagaio dizia: “diga ao mar que o ama e deixe ele te levar”. E o pirata, que nunca negou um conselho do papagaio, assim o fez. Disse ao mar que o amava. E o mar lhe disse que também.

Thursday, July 19, 2012

tu fala merda pra caralho


A poesia e sua chatisse
Sempre em busca da rima, feito esgrima
Me embrulha o intestino
Já disse

Essas palavras mal alinhadas
Que parecem jogadas ao vento
padecem de algum elemento
de humor e gargalhadas

Não falo de piadas
Não falo de amor
Não falo nada
Não fale por si o que o outro não fala pra ti
Em forma de poesia
Essa chatisse
Cafonisse
Breguice
Já disse


Thursday, July 05, 2012

Barracão 5 estrelas


Se você achar que eu acredito em tudo
Vou te dizer eu acredito até em papai noel
A mulher que eu tenho tipo deixa surdo mudo
Tenho a sorte empalhada de troféu

Sinta o peso do bigode
Não me vê sem meu colar
e pra completar o figurino
O chapéu é a mulher quem dá

E quando chega o fim de semana
Quer me ver, quer amor, quer sacanear
Sempre diz que volta e nunca esquece
Das estrelas que viu elogiar

Moro, moro
Num barracão 5 estrelas
Moro, Moro
Num barracão estrelas

Wednesday, June 20, 2012

Vamos nos divertir


Cada dia um poema
Uma canção de ninar
Todo final de semana
Parecia sem fim
E a cada telefonema
Sem conseguir desligar
Repetindo que ama
Com o irmão rindo de mim

Era jovem a beleza
Era o sorriso a brilhar
Eterna adolescência
Me trouxe você aqui

Eu quero a noite inteira
Poder te olhar
Tipo espelho na penteadeira
Sempre a te admirar
Passa o perfume eu espero
E faça da cama um jardim

Oh vem
Vamos nos divertir
Oh vem, vem
Vamos nos divertir

Sunday, May 20, 2012

A procura da batida


Contra mão
Anti horário
Pára quedas
Pára raio

Quebra nozes
Quebra a banca
Vai requebra
Tô quebrado

Trato feito
Feitor
destrata
contrato

Troco as notas
Dó, La, Ré,  
por real
Dá um trocado

É!
Escolha o sabor,
o ritmo,
E faça sua batida
 

Monday, April 23, 2012

Perder-se também é caminho


Chama de destino
O caminho que traças
A trilha guiada
por setas e placas

Chama de caminho
O destino traçado
E à sorte lançado
Por guias gurias

Chama de guia
A guria de trança
Que trança as pernas
E perde o caminho

Seria o destino
O nosso caminho
Lançado à sorte
Estaria sozinho