Sunday, December 01, 2013

Mesa pra dois

Via no amor um prato de comida. Chegava quente e na primeira garfada já queria comer de colher. Saboreava ao mesmo tempo que não deixava esfriar. Conforme ia acabando, ia me satisfazendo. Às vezes guloso, ora sem apetite ou de dieta, adorava um prato de comida. E sentia amor nisso. Churrascaria, buffet, à la carte, em porção, fast food, caseira, mineira, baiana, gaúcha, colonial, típica, doce. Eu amava! O prato acabou com a fome, a fome que satisfez o prato. Até o dia que eu encontrei meu prato favorito. Achei o ponto certo do tempero, a temperatura ideal e a hora certa de servir. Em porções individuais, eu amo servir esse prato, em nossos jantares, que eu preparo pra dizer que eu amo você.

Friday, November 08, 2013

Enjoy

O dia inteiro eu sinto a sua falta o dia inteiro
O tempo inteiro eu quero te encontrar o tempo inteiro
Em pensamento eu te abraço em pensamento
A noite inteira eu quero te ver dançar a noite inteira
A gente gosta de ser feliz a gente gosta
Se eu apostasse não te ganharia, mas se apostasse
Não perderia
E se eu te procurasse não encontraria se eu procurasse
Passaria a vida
Sem saber que eu tinha medo sem saber

Que era segredo aquele sentimento era segredo

Wednesday, October 16, 2013

Changes


De eras em eras o mundo muda
Sem eira nem beira
Esfria, esquenta, seca, alaga,
Basta uma estrela lá no espaço
Há tantos anos luz que não se possa enxergar
Explodir e tudo começar, ou terminar
Sem que você possa perceber
Que aquela era
Se era
Mudou
Para melhor,  nunca para pior
Pois você ainda é o mesmo
Mas a era
Aquela que era
Já era
E mudou
E te deixou no mesmo lugar
No mesmo espaço
E se aquela estrela que brilhava, explodiu
Ela agora brilha mais, em pequenas estrelas
A te conduzir
Nesta nova era
Ainda mais sincera
E bela
Como aquela
Era
Que era
Ela



Tuesday, October 01, 2013

Abissal

Pegou uma foto para lembrar
Do que o coração estava a deixar
E foi pedir a Iemanjá
Um ponto para cantar
Pra na hora de voltar
Poder reencontrar
Tudo em seu devido lugar
Em qualquer noite de luar
Iemanjá vem lhe falar
Vai meu filho, para você te dou todo o mar
Pois na terra, não há mais o que amar.

Friday, September 20, 2013

7 dias no Tibet

a gente sofre
diz que sofre
acha que sofre
e sofre
por amor
por dinheiro
pela vida
se sofre
é importante
sofrer
e se morrer
de tanto sofrer
vai sobreviver


Monday, September 16, 2013

É Primavera

Aquela chuva anunciou
A chegada de uma nova estação
Molhou os pés
Baixou a poeira
E alterou a minha rotina
Depois de eu esquecer
Até o guarda chuva que peguei
Para te dar
Trago essa rosa
Para te dar
Meu amor...
Hoje o céu está tão lindo (sai chuva)

Friday, August 30, 2013

De pai para filho

Era Natal de 85.

Meu filho já sabia andar e começava a desembestar a correr. Jogar bola com ele me fazia sentir como estar talhando o talento de um novo Messi. Achei então que era chegada a hora da tão sonhada bicicleta. Eu havia planejado este presente com ele o ano inteiro. Na hora de comer, o Papai Noel estava olhando. Na hora de dormir, o Papai Noel estava olhando. Na hora do banho, o Papai Noel estava olhando. O Papai Noel nunca viu chantagem. O Papai Noel sempre via quando comia tudo, quando dormia sem chorar e quando saía cheiroso do banho. O Papai Noel era tão legal, que no Natal ele ia até a casa das pessoas entregar pessoalmente um presente personalizado para todas as pessoas a quem olhava. Bastava apenas enviar uma carta dizendo o que queria e o porquê. Convencido de que a carta já estava no Polo Norte, a bicicleta amanheceria em baixo do pinheirinho. Na manhã seguinte, uma euforia invadiu minha noite ainda mal dormida, após as festividades natalinas em família. Pulava sobre a minha barriga como se estivesse em uma cama elástica! A felicidade ainda não conseguia sair em palavras. Com o decorrer do dia, eu quase morri de tanto correr para cima e para baixo empurrando aquela bicicleta. E assim foi até o fim do ano. Todo santo dia! Na varanda da vó, no domingo no parque, na garagem de casa. No dia seguinte após o réveillon, achei que já era hora de tirar aquelas rodinhas. Tirei uma e passamos a semana criando coragem para também tirarmos a outra. Criamos todo um momento especial para a retirada da segunda rodinha. A mãe dele filmava toda a alegria e incentivo que estavam no ar. Era um dia de festa. Um dia muito especial. Fomos lá então. Corri. Empurrei. Me certifiquei de que já estava seguro. E sem ele perceber eu o soltei. Dois metros depois, quando meu orgulho de pai já não cabia mais em mim, o guidão foi prá lá, pra cá, prá lá e pra cá cada vez mais rápido até a bicicleta, como um touro mecânico, o arremessar de frente no chão. O capacete protegeu a cabeça, mas o estrago foi grande. O trauma foi duradouro. Como pai, me senti mal em não ter corrido até o fim, mesmo que ainda houvesse fôlego. E então deixamos a bicicleta de lado, por um bom tempo. Voltamos ao futebol no quintal e outros passatempos. Mas eu não parei de pedalar. E todo final de semana que íamos à casa de praia, eu ia de bicicleta. Caminhando pelo calçadão em uma tarde de sol, ele viu uma garotinha, que pedalava de um jeito que parecia chacoalhada pelo vento. Olhou para mim e perguntou se eu não o ajudaria de novo. Eu respondi que sim. E que desta vez a gente conseguiria! Hoje, dificilmente eu estaria pedalando tanto se não houvesse o seu incentivo em me acompanhar na decida da serra. 

Thursday, August 29, 2013

Não foi por falta de aviso

Sujeito chega no balcão: 
- eu gostaria de um produto. 
O vendedor: 
- nacional ou o importado?
- qual a diferença?
- o nacional custa x e o importado custa 3x.
- mas por que tanta diferença?
- o importado tem mais qualidade. As normas internacionais são mais rigorosas e eles já desenvolvem essa tecnologia há muito tempo.
- ah, entendi. Mais caro, mais qualidade!
- na prática sim, mas na verdade não. O importado é mais barato que o nacional. Mas o governo taxa de impostos para incentivar a venda e a produção nacional. Com o dinheiro dos impostos ele investiria na pesquisa e desenvolvimento para o registro de patentes, mas isto não acontece porque a educação básica não funciona. O governo também alivia o rigor nas normas técnicas para diminuir os custos de produção e manter a concorrência favorável a nossa balança.
- nossa, mas eu só preciso de um produto, não de todos esses encargos.
- pois não doutor. O senhor prefere o nacional ou o importado?

Tuesday, August 20, 2013

COLÍRIO

Em terra de cego, andava como invisível. As roupas não tinham as cores da moda e o corte do cabelo não era definido. Seu andar corcunda não chamava a atenção. A forma física e a pele brilhosa lembravam a uma coxinha. Era reconhecido pelo tom de voz e o sotaque curitibano. Preocupava-se basicamente em andar perfumado e em manter um bom hálito. Nas palestras era pontual e fazia questão de ser bem interpretado. Cansado de ser invisível, optou por mudar-se. Mas as roupas não tinham as cores da moda e o corte do cabelo não era definido. Seu andar corcunda não chamava a atenção. A forma física e a pele brilhosa lembravam a uma coxinha. Era reconhecido pelo tom de voz e o sotaque curitibano. Cansado de ser invisível, optou por mudar-se. Voltou às palestras, mas agora passou a cuidar-se. Consultou a todas as especialidades da medicina e mudou seus hábitos alimentares. Parou de fumar e passou a fazer exercícios. Hoje, as roupas ainda não têm as cores da moda, mas o corte do cabelo já conta com pelo menos uma penteada antes de sair de casa. Seu andar corcunda foi corrigido na fisioterapia. A forma física é saudável e a pele parece de uma pessoa mais nova. Na saída da palestra, ouviu um elogio ao tom de voz e ao sotaque curitibano. E o invisível passou a ser ouvido.

Friday, August 16, 2013

#32

Seria o amor algo indolor
Se não fosse amor
Porque toda dor
Ou tem cura, ou tem ardor.

Tuesday, August 13, 2013

Sem chance

Obstinado, tinha dificuldades com o amor e o sucesso. Era obstinado demais pelos dois. E os dois eram obstinados por ele. Obstinados, não conseguiam se dar bem, o amor e o sucesso obstinados. 

Monday, August 12, 2013

Boa viagem

Via a vida como uma vitrine. E sem dinheiro, via na vitrine uma barreira. Mas gostava de admirar as ofertas, o movimento dos clientes, a vendedora maquiada. Alguma coisa naquela vitrine lhe chamava a atenção. Prendia sua vista. Tomava o seu tempo. O fazia esquecer de piscar os olhos. Aquela vida, aquele mundo, que existiam do outro lado daquela vitrine, pareciam ser onde queria estar. E todo dia ele ia lá e ficava admirando até as luzes se apagarem. Num desses dias, a vendedora maquiada lhe olhou, sorriu não mais que o habitual e foi até a porta em sua direção. Perguntou se ele não gostaria de entrar, apenas para conhecer a loja. Levemente envergonhado, achou muito cordial da vendedora maquiada e aceitou o convite. Maravilhado, olhou tudo. Experimentou tudo. Tocou em tudo. Mas não levou nada. Agradeceu à vendedora maquiada que lhe atendeu com muita atenção e partiu ao apagar das luzes. No dia seguinte, ele chegou ao seu ponto rotineiro de observação e reparou que havia um papel na vitrine, anunciando uma vaga de emprego. Ele não pensou duas vezes e entrou. Falou com a vendedora maquiada, que falou com a gerente, que falou com os donos. Ele estava contratado. Seu trabalho era manter a vitrine limpa. De fora, via a vida do lado de dentro. De dentro, via a vida do lado de fora. E no apagar das luzes, agora recebia dinheiro. Depois de alguns dias de trabalho, em seu dia de folga, voltou à vitrine mas não parou. Entrou direto e saiu com a sua primeira compra. Incontrolavelmente feliz, convidou a vendedora maquiada para um café no intervalo. Outro dia a convidou para o cinema. Enquanto isso, a limpeza da vitrine aumentava as vendas. E ele já não sabia mais o que era a vitrine. Aquele vidro, que era limpo por dentro e por fora, que de um lado era feliz e do outro também, agora é só um vidro. Que ele só que manter limpo. Por dentro e por fora!

Sunday, July 21, 2013

Depois daquele inverno

Foi muito legal ter te encontrado naquele dia. Nunca tínhamos conversado tanto, né? Era inevitável que depois daquele sorvete não saíssemos para continuar a conversa com uma cervejinha. De tão bom, tomamos muitas que eu até esqueci meu capacete no seu carro. Era como se o destino tivesse nos sequestrado de fato. No dia seguinte, você levou seu cachorro ao pet e ele comeu o capacete. Tudo bem, eu usei o de garupa para buscar a moto no estacionamento. Quando chegou o dia dos namorados você me deu um capacete novo, rosa com  um convite para um final de semana na sua cabana de serra. Se o destino havia nos sequestrado, começou a cobrar o resgate. O tempo estava ótimo, a moto fazia aquelas curvas como se fosse uma apresentação de patinação artística no gelo. Seu abraço, tão carinhoso, tão envolvente, tão segura colada ao meu corpo, compartilhando a sua adrenalina com o meu prazer. Os vinhos, as carnes, as massas, as flores e a joia de noivado. De repente a cabana havia sido cercada e o destino, acuado, ameaçou  nos matar. Nos mudamos então para lá, não podíamos mais fugir. E reféns do destino, permanecemos por lá nos amando. O tempo passava e nos amávamos cada vez mais. Até que um dia a cabana foi invadida. Como em uma missão de resgate, mataram o destino com um tiro certo no peito logo após o primeiro milésimo de segundo que sucedeu o único chute na porta. Estaríamos a salvo assim, soltos pela vida, livres do destino. 

Samba do post

Nossa intimidade virou novela
Todo mundo acompanha em horário nobre
A manicure lixa, pinta, tira o bife, mas me compreende
A diarista diz que não me entende
Eu viro o disco, viro a página, troco até de livro
Mas minha conversa não tem outro assunto
Nossa intimidade virou novela
Do tipo que vale a pena de ver de novo
E quando eu conheço uma pessoa nova
Não consigo não tocar no assunto
Tiro a gaita toco a música que toca alma
Toco partes do corpo que tocam você
Nossa intimidade virou novela
Não consigo não tocar em outro assunto


Hashtag

Pizza curitiba deliveri
Você quis dizer: Pizza curitiba delivery?
Pizzaria Brasilia. Atendemos  até o fim da sua festa, por que a gente sabe que tudo acaba em pizza. (traduzir)
8 pedaços, meia da casa meia chocolate, coca e troco pra 50. 50 minutos.

Chegou  a pizza, fim de festa
#fome

Thursday, May 02, 2013

Só eu sei



Passava o tempo e eu me convencia de que cada dia que eu vivia a mais era um dia que eu viveria a menos. Toda manhã eu me olhava no espelho e me via um dia mais velho. Ao me deitar para dormir eu sentia na pele aquele dia que passou. Mas de repente, aquele copo que estava meio vazio ficou meio cheio. E acordar passou a ser a grande motivação da minha vida. Todo dia que se passa, agora, é mais um dia que eu tenho para ser feliz. E dormir, não é mais só um simples sonhar. Ouvir o seu boa noite, seu bom dia, não é uma questão de dependência. É muito maior. É entender que dependemos.

Friday, April 19, 2013

E se eu me questionar



Não vou sair por aí
Sem ter que andar
Não vou sair por aí
Me incomodar
Não vou sair por aí
Ter que procurar
Não vou sair por aí
Me perdoar
Não vou sair por aí
A me torturar
Não vou sair por aí
Para gastar
Não vou sair por aí
E se eu me questionar
Vou sair por aí
Sem ter que andar
Vou sair por aí
Me incomodar
Vou sair por aí
Ter que procurar
Vou sair por aí
Me perdoar
Vou sair por aí
A me torturar
Vou sair por aí
Para gastar
Vou sair por aí
E se eu me questionar
sair por aí