Friday, August 13, 2010

Ao inusitado

O cenário já não era novo. A mesma noite fria e o sereno de sempre. Aquele medo de esperar 20 minutos pelo ônibus às 3h30 da manhã já se contradizia à simpatia do motorista e à presteza do sonolento cobrador. Aquele senhor insistia em sempre pegar o ônibus comigo, independente do horário. Quando muito um garçon que já foi meu vizinho e um piá que vi crescer na sarjeta.
O cheiro de frigideira, bafo de álcool, vista de um bêbado e a dança de um mestre sala, malandro gafieira, de barracão 5 estrelas, não usava chinelas, trocava o chapéu e as porta-bandeiras.
Havia um corpo naquela bateria, que tocava não só a torcida. Tocava em meu peito a batida que aumentava a batida do meu coração. A musica tinha autoria e toda batida que conduzia uma paixão, levou das arquibancadas uma legião, de um grito um eco um soco na multidão.
Tumulto que a polícia continha e a imprensa guardava informação.
Um dia a ficha caía e não tinha mais ficha pra investir na saída da desilusão
Conduzia com brilho da esgrima o respeito e o carisma o talento da solidão
Veterano de guerra da vida, só reclamava se um neto desobedecia
Seu conselho de não esquecer que um dia
Somente na vida é o suficiente pra se viver com amor
Aquele vem de dentro do coração.

Sunday, August 01, 2010

Medofobia

Num bosque a noite é difícil não sentir medo.
É a estranha sensação de saber que não está sozinho.
Um momento em que se pode ser a vítima ou o assassino
Por isso eu te digo
Que quem anda comigo
Corre dois tipos de perigo: o de ter matado e o de ter morrido
Mas no fundo quem decide
É o teu medo do inimigo
O silêncio muda o tempo
O tempo muda a verdade
Quem era você antes daquele bosque
Que se dizia meu amigo
E que no primeiro ruído
Me deixou ali sozinho
Sem saber que era eu quem sabia o caminho
E ficou perdido
Virou o bandido
E tive que carregar em mim a culpa
De ter te perdido