Tuesday, June 14, 2011

Assassino por Natureza

Aproveitei a hora do almoço para matar o tempo. Bati o ponto prontamente ao meio-dia e saí patinando do estacionamento. Queria chegar o quanto antes no local planejado, uma árvore alta, de grosso caule, longos galhos e infinitas folhas que escondiam os pássaros que faziam coro ao sol. E nem os óculos escuros tiravam o brilho daquele céu azul. Levei comigo as minhas armas: um tererê gelado, uma maçã e uma carambola, um livro já lido pela metade e meu ipod. Me certifiquei de não deixar rastros e de que não haveria testemunhas. Seria o crime perfeito, não fosse o protetor solar esquecido na gaveta do escritório. Eu seria considerado inocente se ainda fosse um réu primário. Tão logo retornei do horário de almoço, fui imediatamente abordado, pois minha pele morena se mostrava bronzeada. Enquanto as pessoas haviam passado seu horário de almoço limpando a caixa de e-mails, organizando planilhas, agendando reuniões, cortando o cabelo, fazendo a unha, escolhendo presentes, pagando contas, apostando na megasena, postando no facebook, eu estava lá, matando o tempo. Como um criminoso que mata, por matar.