Thursday, March 20, 2008

FILHA DA PUTA

A criatividade é uma mãe

Uma maçã vermelha

Como o seu batom

Uma mensagem no espelho

Um risco vermelho

Como sangue na cara

Uma disputa

Minha e sua

Você achando que eu

Sou santo

E você que é uma puta

A criatividade é uma mãe

Saturday, March 08, 2008

Embaralhado

Não queria me aproximar
Eu não queria saber seu nome
Eu não queria me apaixonar
Mas quando vi, de você me aproximei
E seu nome perguntei
Quando vi, já era tarde, por você me apaixonei

E de repente nosso amor inflou
Nossa energia transbordou
Era tão lindo, parecia infinito
Era tão lindo o que o amor juntou

Eu e você, juntos de repente
De um jeitinho, assim entorpecente
Cheiro de rosas, espinho inconseqüente
Versão riscada de um refrão que me pertence

Não queria me aproximar
Eu não queria saber seu nome
Eu não queria me apaixonar
Mas quando vi, de você me aproximei
E seu nome perguntei
Quando vi, já era tarde, e por você me apaixonei

Eu tinha certeza que o futuro era certo
como um rio que pensa que vai reto
viver a vida, é o que te proponho
viver a vida não passa de um sonho
você disse

pra mim

assim

viver a vida não passa de um sonho
é como andar na superfície de uma lagoa congelada
como morar num castelo de cartas
de cartas marcadas

Paranóiafobia

Você chegou me beijando, me despindo, me empurrando. Me colou na parede, com minhas mãos e pernas amarrando. Me deixou indefeso e esperando. Você dançou, se distanciou, abriu a bolsa e retirou suas armas. Eu ansioso, estendido como uma estrela, aguardo que me ataque. Excitada, vira repentinamente e me atira a primeira faca, tangente à minha orelha... Antes mesmo de meu coração bater novamente outra faca é atirada e fincada ao lado do meu fígado. Podia sentir o frio da lâmina em minha pele. Fiiiiiu tóinhonhóin... Essa última fincou bem na virilha, fazendo com que eu me retorcesse interiro para não ser atingido. Ela ria como uma bruxa preparando uma poção no alto da torre de seu castelo, ouvindo seu corvo cantar. Se aproximou. Eu tremia. Pergunta-me: “gostou? Posso fazer ainda muito mais... agora é a sua vez”. Me beijou, com o fogo que aquecia o caldeirão, compartilhando meu nojo. Aos poucos me desamarrou, e desmaiou. Caiu, ou melhor, desabou ante meus pés. Me vesti, peguei-a no colo e debrucei seu corpo sobre o leito de sua cama. Esperei até que acordasse, sentado em uma cadeira de frente para seu corpo. Ela abriu os olhos lentamente e simplesmente não me reconheceu. Perguntou quem eu era e o que fazia ali. Respondi tão curto quanto a minha paciência no momento. Ela pediu desculpas e pediu para que eu me retirasse. Enquanto descia as escadas lentamente, pensava em todos os anos em que passamos juntos, as risadas, os momentos, as viagens, as loucuras, os presentes, as declarações... e ao abrir a porta do corredor para rua, dois carros da polícia me aguardavam para prender um estuprador, invasor e ladrão, que ela havia dado queixa. Com a vida normalizada, li um livro de autoria dela, daqueles romances que vendem em banca de revista. Li no ônibus a história de um amor entre um paciente terminal e uma enfermeira.