Friday, October 24, 2008

Daqui pra frente

É bem certo que gosto mais das tragédias. Algum Freud explica, mas eu não saberia. Contudo me vem à cabeça aquela cena da formatura, da última parcela do financiamento, daquele gol do Alex Mineiro, do dia em que assinaram a minha carteira de trabalho, quando passei no teste do DETRAN, do show do Ozzy, da Calço de Mesa, da fanfarra do colégio, dos meus afilhados ainda na maternidade. Meus 15 anos em Guaratuba. Ficam me vindo à cabeça cenas do cotidiano de outrora, como a pose que eu faria para aquela foto ante o trem em Antonina e de como era bom se enfiar no meio do mato e só voltar depois que minha mãe chamasse a polícia. Fico lembrando o pé de amora ao lado da casa da minha avó. Do Opalão do meu avô. Como é bom lembrar o primeiro anúncio veiculado. De todos os carnavais. Da primeira onda surfada, o primeiro drop na pista de skate, o primeiro beijo. Como era divertido acampar no quintal de casa, jogar bola na rua, andar de bicicleta sem destino. Fica passando na minha cabeça as cenas daquela festa surpresa de aniversário. Da Kombi da creche. Das medalhas que ganhei e troféus que ergui. Dos ônibus que peguei na base da corrida. Lembro-me de como a sorte jogava comigo no “casamento atrás da porta”. Na minha vontade de sorrir quando olho àquele três de paus na minha mão. No alívio em derrubar a bola oito. Na satisfação em roubar a rainha. Ah, os churrascos em família, da facul, na praia. Quando o relógio bate 18h de sexta. Quando partimos rumo ao feriado. Quando ajudo a extrair o sorriso de uma pessoa. Quando sinto o gole daquele chope gelado. É bem certo que prefiro as tragédias, mas quando se ama parece que se fica meio bobo. Ou isso é a tal felicidade?