Não somos obrigados a ter que tocar sempre as mesmas notas, nem por isso somos obrigados a improvisar.
Sunday, February 08, 2009
DE TRAZ PRA FRENTE
A foto na sala serve de troféu na competição contra o medo. Economizando mais de mil palavras, expõe o orgulho do anfitrião. Este faz questão de demonstrar que ali vive alguém corajoso, ousado e determinado. Uma superação que surpreende a todos que já sentiram um frio na espinha. Mas eu particularmente, desde pequeno, nunca vi por este lado. Sempre avaliei como sendo o mínimo de alguém que se sujeita a tal feito. Pra mim sempre foi assim e ninguém me ensinou: pênalti é gol! Lance livre é cesta! Treino é recorde! Eu odiava aquela foto. Mais que tudo. Mas eu fazia questão de deixar ela ali, na estante da sala, à primeira vista de todos. Era como dizer que eu guardava uma arma em alguma gaveta. Que eu tinha um cofre valioso atrás de algum quadro. Ou o melhor advogado. Não importa. Ninguém podia contestar o valor inestimável daquela foto. Quando morri, São Pedro me recepcionou diretamente e antes de abrir os portões do éden olhou pra mim e perguntou: “meu filho, me diga, quem bateu esta bela foto?”. Respondi que sinceramente eu não lembrava. Ele colocou as chaves no bolso, olhou para a sua esquerda e gritou: “deeeeeeescendoooooooo”. Agora estou aqui novamente, alinhando obturador e diafragma, esperando a luz que tanto pedi.
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