Não somos obrigados a ter que tocar sempre as mesmas notas, nem por isso somos obrigados a improvisar.
Friday, July 10, 2009
Amar é nunca deixar de amar!
Eu namorava um rapaz na época em que ele era o remarcador de preços do mercadinho. Um dia, só de sacanagem, ele remarcou tudo a seu bel-prazer. Foi um dia de loucura no mercadinho e um dia de fúria pro seu Norberto, um senhor de idade avançada que administrava o negócio. Neste dia, meu namorado chegou em casa todo empolgado, elétrico, eufórico a ponto de eu pensar que ele tivesse tido uma recaída com as drogas. Foi uma longa discussão sobre isso. Enquanto ele ria, eu discutia. Enquanto ele gesticulava a reação do seu Norberto, eu batia nele. Enquanto ele imitava a cara da menina do caixa, eu imitava a cara do meu pai quando estava irritado. Ah! Que saco. Terminei tudo. Terminei aquela loucura. Não queria aquilo pra mim, sabe? Um doidão que só fazia cagada. Não. Eu sonhava em casar, ter meus filhos e minha casa. Sonhava em ter um marido divertido, mas não um maluco. Enfim. Nunca mais nos vimos. Outro dia, minhas amigas me questionaram o porquê de eu não ter me relacionado mais depois deste caso. Já era tarde da noite, já havíamos tomado alguns goles de tequila e optei por ser sincera: “nunca gostei de homens”. Raios!!! Elas fizeram em silêncio infinito em câmera lenta. Cada uma levantou, uma mais embriagada que a outra, pegaram suas bolsas, blusas e chaves e sumiram. Pra sempre! Pelo menos da minha vida. Voltei pra casa chorando. Nessas horas sempre quebra a porra do salto e comigo não foi diferente. Calçada do caralho! Cheguei em casa, dei comida pra Margot (minha gata) e me debulhei em prantos. Nunca quis um final feliz pra minha vida mesmo, mas tinha que ser assim? No dia seguinte, meu sócio veio com uma proposta de abrirmos um escritório em Santiago, com uns parceiros de lá. Na reunião, não há de ver que encontro o meu ex como o representante do grupo chileno? Almoçamos juntos e contamos muito sobre a nossa história depois daquele dia infantil. Enquanto ele falava eu pensava em como ele continua com o humor sagaz e com o sorriso lindo. Nossa, como ele ficou mais forte. Ah, esses olhos. Nunca me esqueci deles. Que mãos sedosas. Que terno alinhado. Não sabia o que responder quando ele perguntou o que eu não entendi, só me veio um pedido de desculpas. Eu entendi que tinha sido apenas uma brincadeira e que não havia drogas. Por sinal, eu havia começado a usá-las com minhas (ex) amigas. Ele disse entender e que nunca havia encontrado uma mulher como eu. Mulher? Como eu? Nossa, nunca me senti tão mulher como hoje! “Garçom, por favor, traz a carta de vinhos da casa?”.
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