Tuesday, February 27, 2007

DOMINGO NO PARQUE

Este domingo que passou, levei José e João para um passeio no parque. Estava um belo dia de sol e o calor fazia com que as crianças parecessem cardumes em fuga. Falei a eles que aquilo tudo não passava de uma exposição fotográfica. O pai que empurrava a filhinha na bicicleta. O cão que atrapalhava o jogo de futebol. A namorada que caiu de patins. As senhoras que caminhavam a passos largos. O atleta que treinava sua corrida. Os amigos que brincavam de frescobol. O sorveteiro que parecia não vencer a multidão encalorada. O jacaré que banhava-se ao sol.
José e João, depois de alguns minutos na fila, conseguem comprar um sorvete. Logo em seguida, o atleta que treinava sua corrida tromba com José, que acaba por derrubar o sorvete em João. A cena chamou a atenção de um dos amigos que brincavam de frescobol, fazendo com que este errasse o lance e jogasse a bolinha na ciclovia, por onde vinha a namorada de patins. A bolinha entrou na frente do pé de apoio, desequilibrando-a. As senhoras que caminhavam a passos largos tentaram ajudá-la. No jogo de futebol, a bola também espirrou para a ciclovia. O pai que empurrava a filhinha de bicicleta tenta ajudar e chuta a bola para devolvê-la. O cão que atrapalhava o jogo corre atrás da bola, atropelando as senhoras que tentavam levantar a namorada que caiu de patins. A bola acabou tomando velocidade e indo parar próxima ao lago, onde o jacaré banhava-se ao sol.

Tiraram o jacaré do parque.

Wednesday, February 14, 2007

Eu Amo Carnaval

Eu me mudei para a cidade porque não agüentava mais aquele galo. Cheguei na cidade e tinha um cachorro que latia a noite toda, em vão, solitário, na casa ao lado à que aluguei. “Ah, que saudades do galo!!, ele me acordava cedo, mas pelo menos me deixava dormir um pouco...” pensava durante as noites mal dormidas que já começavam a me deixar de mal-humor. Tempos depois, começaram umas obras da prefeitura na minha rua. Os tratores tinham que trabalhar durante a madrugada, para não atrapalhar o trânsito. Os moradores até q reclamaram (e bastante), mas diziam que os resultados eram em benefício da cidade e que alguns velhos aposentados não seriam obstáculo para uma obra daquela importância. Enfim, só lembro que os ruídos dos tratores durante a madrugada entravam nos meus ouvidos como spray de pimenta nos olhos. Como eu sentia falta do cão do vizinho. Em um domingo, o time rival ganhou o campeonato. Como era domingo, os tratores não trabalhavam e a torcida adversária veio comemorar na minha rua, em frente à minha casa. Não acreditei. “Que saudade dos tratores!” pensei...
Quando finalmente inauguraram as obras, de tarde realizaram a solenidade e na mesma noite já era o desfile de carnaval. Na minha rua. Bem em frente à minha casa. Eu, como tradicional curitibano que sou, me indignei. Pensava: “porra, que saudades dos coxas!” . nessa hora eu pensei melhor, desci as escadas e caí na avenida. Com os indicadores gangorreando ao alto eu gritava: “Eu Amo o Carnaval”!!!!


Tum dum, tiqui tudum dum….

Thursday, February 01, 2007

Vamos fugir?

Cândido estava prezo a uma cadeira de rodas. Não, não estava deficiente, apenas prezo no congestionamento (acho q me expressei mal). O seu celular toca, era a empregada dizendo que precisava ir embora, pegar o filho na escola e que aguardava apenas o dinheiro do ônibus que Cândido insistia em esquecer. Naquele momento um motoqueiro leva seu retrovisor com o qual se distraia com as bundas que desciam a rua (pela calçada). Sem rádio no veículo, subtraído num furto recente, o sangue lhe ferve as vísceras e acaba por despedir a empregada, orientando grosseiramente que volte outro dia pegar o maldito dinheiro do ônibus e o restante do acerto. No mesmo instante, um garotinho vem lhe cobrar pelo show de malabarismos no sinaleiro, que de nada adiantava em ficar verde. Cândido, furioso, indaga: quanto ganha por dia, garoto? Por sinal, qual é o seu nome? Vander, doutor. Ganho em média R$ 60,00 por dia. Em média? Sabe calcular a média, Vander? Sim doutor. É o tanto que preciso para que não falte nada em casa. Ok, garoto. Sabe que me leva R$ 1,00 por dia, né?! Logo, R$ 5,00 por semana. Isso dá R$ 20,00 no mês. Pago R$ 20,00 por mês pra sua família e o governo oferece R$ 15,00 de bolsa-família. Vocês ganham bolsa-família? Sim, doutor. Então, eu te pago R$ 20,00 por mês mais impostos. Eu deveria matá-lo, não acha? Não doutor, deveria me oferecer uma oportunidade. É só o que preciso. Sei... quanto quer pelas bolinhas, para que não precise mais voltar aqui? Troco pelo seu carro, Doutor, para que não precise mais passar por aqui. Ganhamos os dois, doutor. Finalmente comovido, Cândido convida o moleque, ou melhor, Vander, para entrar no carro. Vander teria sua oportunidade. Mas antes que isso acontecesse, dois policiais a cavalo encheram as costas do garotinho de hematomas com seus cassetetes e o botaram para correr. Cândido não pôde nem reagir, pois o trânsito começava a andar e os carros de trás, igualmente impacientes fizeram-no andar na base da buzinada. Cândido não pôde ver o que acontecera com Vander em virtude do espelho quebrado. No dia seguinte, outro garoto fazia o show no mesmo sinaleiro, enquanto a nova empregada ligava no seu celular...