Habitante de Curitiba, cidade natal, “capital ecológica”, sede em 2006 do COP8 e do MOP3, cidadão politicamente correto, escrevo abaixo um roteiro de campanha em defesa da (bio)diversidade. O título deste post é um incentivo à cópia da idéia, caso alguém tenha poder de produzi-la.
Narração masculina, mostrando um garotinho com diversas tampinhas de garrafas: Pedrinho tem uma coleção desde 1932 com mais de três mil tampinhas que herdou de seu avô. Se perder alguma, nunca mais poderá voltar no tempo para recuperá-la. Seu Alceu tem uma coleção de selos. Dona Eliete tem uma coleção de moedas. Carlos tem uma coleção muita rara de revista em quadrinhos. Nos museus estão as coleções originais de arte mais antigas dos melhores artistas. Se por descuido alguém perder uma obra, jamais alguém fará igual.
Até aqui vinham imagens das pessoas e suas respectivas coleções. Quando começamos a falar dos museus, começam imagens de obras famosas, como Monalisa, Guernica, a Merlin Monroe de Andy Warhol e alguma outra importante q não me recordo agora. Seguidas de imagens de maravilhas do mundo (sendo) destruídas, como a muralha da China, esfinge, pirâmides do egito, Taj Mahal, Machu Pichu, Cristo Redentor e alguma outra importante q não me recordo agora, e fecha com a imagem da taça Jules Rimet sendo erguida no tricampenato de 70 (que fui roubada e derretida).
Com uma trilha emocionante e animadora, começam agora imagens de fauna rara e flora desmatada, seguida de belas imagens de fauna e flora e a seguinte narração: Todo ser humano tem uma coleção de espécies e todo ano muitas delas desaparecem para sempre. Não compre e não mate animais silvestres. Não compre e não derrube espécies nativas. Plante! Preservar é construir o mundo em que vivemos. Colecione.
Encerra com a cena saindo de uma cena de TV e indo para a família sentada no sofá assistindo, em plano seqüência e sem som. Corte seco final.
Não somos obrigados a ter que tocar sempre as mesmas notas, nem por isso somos obrigados a improvisar.
Wednesday, May 23, 2007
Thursday, May 17, 2007
De trás pra frente
Hélio tinha um prazer em trabalhar com os números de deixar a esposa com ciúmes do ábaco. Para Hélio, tudo era convertido em números. O tamanho, o peso, a velocidade, o formato, a quantidade, a idade, o valor, o dia, o ano, a hora, os andares, os degraus, o telefone, o fax, o documento, o protocolo, a medida, a página, o conteúdo, o comprimento, os graus, a latitude, a longitude, o tempo, o espaço, a distância, os itens, subitens, o volume, a área, altura, largura, percentagem, a edição, a ordem, o CEP, o endereço, o cadastro, o registro, o ramal, a sinuca, o bingo, o baralho, a validade, o lote, o código de barras, o valor nutricional, as calorias, as refeições, a geometria, trigonometria, o sexo, o salário, a rádio, a música, o ranking, o placar, a profundidade, os habitantes, a população, a amostra, as inserções, a freqüência, a abrangência, o silicone, a dívida, o empréstimo, os juros, o risco, a probabilidade, o canal, o candidato, as vitórias e derrotas, os namoros, os impostos, a senha, o rebanho, a aposentadoria, a coleção, a safra, os lados, o estágio, a penitência, a pressão, o ritmo, o recorde. Tudo convertido em números. Ficou famoso ao dar nome ao gás.
Wednesday, May 02, 2007
DESTINO
É como sair de casa e ver um gato branco cruzar seu caminho. Ligar o som ou a tv logo cedo e ver a previsão do tempo dizendo para que saia agasalhado, mas com uma regata por baixo e não esqueça o guarda-chuva, por favor, estou avisando! Enfim, é assim que acontece. Falaremos um pouco sobre o destino. Se existe e como funciona. Peguemos o exemplo do Zé Mané, cidadão de bem (quando nascer), trabalhador (quando encontrar um), bom pai (quando for), estudioso (quando foi), fiel em seu relacionamento (quando tiver). Sobre o destino: s. m., concatenamento supostamente necessário de factos e suas causas; fim pré-determinado que orienta as acções e os acontecimentos na vida dos homens; fatalidade; sina, sorte; futuro, porvir; fim, aplicação a que se destina alguma coisa; lugar onde alguém se dirige ou onde se manda ou se deve entregar alguma coisa; direcção, rumo; propósito, tenção (fonte: http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx).
Logo, podemos dizer que o destino de Zé está traçado, pois assim que ele sai de casa, pega o ônibus na porta de casa que o entrega na porta do trabalho. Nenhum congestionamento, acidente, ameaça de bomba, obra na rua é capaz de desviar seu rumo. Isto obriga que ele conviva com as mesmas pessoas que coincidentemente tem o mesmo destino naqueles vinte minutos. Em especial, a Zé Mané. Cidadã cuja qual não se sabe absolutamente nada. Apenas seu apreço por calças apertadas e decotes que jamais a deixaria desempregada. Quando se faz necessário, descem do ônibus e param no sinaleiro antes de atravessar a rua, evitando assim um eventual atropelamento. Não há outra opção se não aguardar o elevador que o leve os 12 andares acima. Até aí, seu destino estava traçado. Ao chegar no escritório, um e-mail cobrando um relatório que era para quarta, mas o chefe vai ter que viajar para São Paulo hoje a tarde e o Zé que se vire. O telefone toca, é da escola de seu filho, dizendo que apanhou de um gordinho e que é para comparecer urgentemente ao pronto-socorro do hospital Pequeno Príncipe. O relatório que se foda.... o chefe que vá para o inferno... horas depois, retorna ao escritório e a secretária - que está quase aceitando seu convite para jantar – diz em tom suave que tem uma correspondência para ele e entrega um envelope desses grandes, em papel kraft. É um currículo, de rapaz recém chegado da Europa, com cursos de todos os níveis (como ele teve tanto tempo assim?). Bem mais novo, mais cheio de gás, mais cheio de criatividade e podendo cobrar um pouco menos... ideal... se não fosse para o cargo do Zé! Quando foi rasgar o papel, o chefe, que olhava pelo aquário da sua sala, interrompe com um olhar e o chama para ver o papel. Levou e confessou covardemente que queria sair porque acreditava que aquele rapaz seria um profissional bem melhor para a empresa. O chefe analisou e lhe deu razão. Até aí estaria tudo traçado? Mesmo a morte da Zé?
Logo, podemos dizer que o destino de Zé está traçado, pois assim que ele sai de casa, pega o ônibus na porta de casa que o entrega na porta do trabalho. Nenhum congestionamento, acidente, ameaça de bomba, obra na rua é capaz de desviar seu rumo. Isto obriga que ele conviva com as mesmas pessoas que coincidentemente tem o mesmo destino naqueles vinte minutos. Em especial, a Zé Mané. Cidadã cuja qual não se sabe absolutamente nada. Apenas seu apreço por calças apertadas e decotes que jamais a deixaria desempregada. Quando se faz necessário, descem do ônibus e param no sinaleiro antes de atravessar a rua, evitando assim um eventual atropelamento. Não há outra opção se não aguardar o elevador que o leve os 12 andares acima. Até aí, seu destino estava traçado. Ao chegar no escritório, um e-mail cobrando um relatório que era para quarta, mas o chefe vai ter que viajar para São Paulo hoje a tarde e o Zé que se vire. O telefone toca, é da escola de seu filho, dizendo que apanhou de um gordinho e que é para comparecer urgentemente ao pronto-socorro do hospital Pequeno Príncipe. O relatório que se foda.... o chefe que vá para o inferno... horas depois, retorna ao escritório e a secretária - que está quase aceitando seu convite para jantar – diz em tom suave que tem uma correspondência para ele e entrega um envelope desses grandes, em papel kraft. É um currículo, de rapaz recém chegado da Europa, com cursos de todos os níveis (como ele teve tanto tempo assim?). Bem mais novo, mais cheio de gás, mais cheio de criatividade e podendo cobrar um pouco menos... ideal... se não fosse para o cargo do Zé! Quando foi rasgar o papel, o chefe, que olhava pelo aquário da sua sala, interrompe com um olhar e o chama para ver o papel. Levou e confessou covardemente que queria sair porque acreditava que aquele rapaz seria um profissional bem melhor para a empresa. O chefe analisou e lhe deu razão. Até aí estaria tudo traçado? Mesmo a morte da Zé?
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