Thursday, August 23, 2012

Afogar-se de amor


O pirata dominava os sete mares. Tinha em seu barco a sombra, o rum, o amor. O poder do canhão e da vela imponentes. Seu nome talhado a estibordo carregava a fama de muitos tesouros enterrados em ilhas desertas. Seu papagaio fiel jamais lhe daria um conselho furado. E foi no dia que o papagaio fiel lhe disse para pular que o pirata se questionou sobre sua lealdade. E o papagaio insistiu para que o pirata pulasse ao mar. O pirata então caminhou sobre a prancha, enroscou seu gancho na corda, equilibrou sua perna de pau, olhou para trás e pulou. Fez do mar sua moradia. Agora sem barco, sem rum, sem canhão, sem vela. Apenas o pirata e o mar. De longe, o eco do papagaio dizia: “diga ao mar que o ama e deixe ele te levar”. E o pirata, que nunca negou um conselho do papagaio, assim o fez. Disse ao mar que o amava. E o mar lhe disse que também.