O pirata dominava os sete mares. Tinha em seu barco a
sombra, o rum, o amor. O poder do canhão e da vela imponentes. Seu nome talhado
a estibordo carregava a fama de muitos tesouros enterrados em ilhas desertas. Seu
papagaio fiel jamais lhe daria um conselho furado. E foi no dia que o papagaio
fiel lhe disse para pular que o pirata se questionou sobre sua lealdade. E o
papagaio insistiu para que o pirata pulasse ao mar. O pirata então caminhou
sobre a prancha, enroscou seu gancho na corda, equilibrou sua perna de pau,
olhou para trás e pulou. Fez do mar sua moradia. Agora sem barco, sem rum, sem
canhão, sem vela. Apenas o pirata e o mar. De longe, o eco do papagaio dizia: “diga
ao mar que o ama e deixe ele te levar”. E o pirata, que nunca negou um conselho
do papagaio, assim o fez. Disse ao mar que o amava. E o mar lhe disse que também.
1 comment:
Talvez pelas circunstâncias, mas de qualquer forma, um dos melhores textos já escritos por aqui, fato.
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