Encalhou naquele
banco de areia na manhã de 4 de outubro. Totalmente despreparado tavez pela
falta de experiência, embora não fosse um marinheiro de primeira viagem, talvez
pela falta de sorte, talvez pela burrice que não lhe faltava. Mas tenho que
defendê-lo. Era despreocupado mesmo o sujeito. De modo que no fim do dia, após
ter passado o dia todo na água resfrescando-se do calor, a maré movimentou o
barco e pode prosseguir seu curso.
Não somos obrigados a ter que tocar sempre as mesmas notas, nem por isso somos obrigados a improvisar.
Friday, October 26, 2012
Thursday, October 11, 2012
Trovas em dó
Antes de o sol nascer já levantava da cama independente da
temperatura que fazia lá fora. Tomava seu banho, fervia seu café com leite sem
açúcar, chapava seu pão com margarina, escovava os dentes, mais um retoque nos
fios de cabelo e pronto! Rumava sentido a estação central, destino da maioria
dos trabalhadores daquele inicio de século.
Era meados do ano de 2002 e o fim do mundo ainda era
assunto. Mas não se importava com o fim do mundo, com o inferno, com a chuva
que caía, com as pessoas que andavam de guarda-chuva sob a mesma marquise. Bateu
seu ponto, saiu a campo e comeu sua maçã. A partir daí tudo mudou. Uma guitarra
na vitrine lhe despertou algo que nunca havia sentido na vida: a possibilidade
do sucesso! Sucesso para si era ter ao redor aqueles que nunca teve. A família havia
se separado em virtude da pobreza, dos problemas com as drogas e conflitos
pessoais. Os amigos eram as conversas paralelas na fila do transporte, sempre
em críticas ao governo. Aquela guitarra lhe projetou nos grandes palcos, o assédio,
o reconhecimento e lógico o conforto da riqueza. Era do tipo que não deixava
nada para depois e tratou logo de parcelar a passagem para o futuro.
Com muito esforço aprendeu sozinho a dedilhar as primeiras
notas e em pouco tempo já batia as primeiras notas. Entrou para a banda da
igreja e assim fazia seus primeiros amigos. Aos domingos formou seus primeiros
fãs. Os solos já deslizavam como o artista da TV. Certo dia, em uma conversa
paralela na fila do transporte sobre o governo e a falta de atenção aos problemas
dos pobres, uma moça lhe fitou com os olhos. Inesperadamente seus olhos
desviaram como se fugisse da luz do sol. E ela continuava lá, a lhe olhar.
Caminhou em sua direção e elogiou seu trabalho na igreja. Neste momento aquela
guitarra havia cumprido a sua missão. Começaram a sair e conheceram o amor. As circunstâncias
romperam esse laço, mas a guitarra estava lá, em suas mãos, como as rédeas de
seu destino.
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