Saturday, November 18, 2006

Resistência MGM

Um pesquisador químico analisou as diversas espécies de pragas de milharal e elaborou um poderoso agente neutralizante. O inseticida era capaz de prevenir qualquer ataque, o que onerou em um lucro faraônico ao pesquisador. O que o tempo mostrou é que o poderoso agente era também o grande responsável pela mutação dos milhos, que vinha perdendo qualidade a cada safra.
Naquela época, o mercado atento aos problemas genéticos ainda não comprovados pelo milho mutante, passou a boicotar a compra e venda do produto agrícola. Os agricultores, sem ter o que fazer com as sacas, atearam fogo na produção e descobriram assim a pipoca.
Em uma espiga do noroeste do Paraná, era chegada a hora da colheita. Devidamente ensacados e embalados, alguns grãos foram vendidos à fábricas de pipoca convencional e outros à fabricas de pipoca de microondas.
Em uma grande quermesse no interior de São Paulo, a barraquinha de pipoca vendia "a rodo". Crianças, jovens, adultos, pais, namorados, todos comiam a pipoca.
Em uma panelada, o fogo esquentava o óleo rançoso no fundo. Esquentava tanto que alguns grãos não resistiam e estouravam. Até mesmo os que ainda acreditavam ser milho de latinha.
De repente, estavam todos estourando. Alguns para fazer parte do grupo, outros com medo de ficar sozinhos, já outros sempre sonham em ser pipoca. Eu não. Nunca admiti ser pipoca. Nasci milho. Algum químico maluco, alterou geneticamente milha família que teve que aceitar ser vendida a um preço ridículo para fins mundanos. Eu não. E se todo mundo pensasse como eu, com certeza teríamos mais respeito. Resisti. Me queimei. Mas não estourei. Sou aquele grão no fundo do seu pacotinho. Um dos poucos militantes da resistência dos milhos geneticamente modificados (RMGM).
Defendemos a idéia de que se não estourarmos, as pessoas deixarão de consumir pipoca. Só assim deixarão de plantar o milho pipoca ou de manter a alteração genética. Queremos apenas ser o que Deus nos mandou ser: milho!

3 comments:

Taxi Driver said...

cogito ergo sum pipoca!

E vc, é um bagrão doente, huauhauhauhuhaahuuhahua!!!

Beijah!

beans said...

quero me juntar a este movimento de resistência! abaixo as pipocas, especialmente aquelas de cinema, fedendo a gordura, que sempre alguém do meu lado come de boca a berta e me tira a concentração do filme!

Anonymous said...

Não conhecia esse seu lado conservador. Ou seria medo do futuro incerto?

Ou então vc não quer ser comido, apenas chupado...
...pra pegar o sal.