Via no amor um
prato de comida. Chegava quente e na primeira garfada já queria comer de
colher. Saboreava ao mesmo tempo que não deixava esfriar. Conforme ia acabando,
ia me satisfazendo. Às vezes guloso, ora sem apetite ou de dieta, adorava um prato
de comida. E sentia amor nisso. Churrascaria, buffet, à la carte, em porção,
fast food, caseira, mineira, baiana, gaúcha, colonial, típica, doce. Eu amava! O
prato acabou com a fome, a fome que satisfez o prato. Até o dia que eu
encontrei meu prato favorito. Achei o ponto certo do tempero, a temperatura
ideal e a hora certa de servir. Em porções individuais, eu amo servir esse
prato, em nossos jantares, que eu preparo pra dizer que eu amo você.
Não somos obrigados a ter que tocar sempre as mesmas notas, nem por isso somos obrigados a improvisar.
Sunday, December 01, 2013
Friday, November 08, 2013
Enjoy
O dia inteiro eu
sinto a sua falta o dia inteiro
O tempo inteiro
eu quero te encontrar o tempo inteiro
Em pensamento eu
te abraço em pensamento
A noite inteira
eu quero te ver dançar a noite inteira
A gente gosta de
ser feliz a gente gosta
Se eu apostasse
não te ganharia, mas se apostasse
Não perderia
E se eu te
procurasse não encontraria se eu procurasse
Passaria a vida
Sem saber que eu
tinha medo sem saber
Que era segredo
aquele sentimento era segredo
Wednesday, October 16, 2013
Changes
De eras em eras o
mundo muda
Sem eira nem
beira
Esfria, esquenta,
seca, alaga,
Basta uma estrela
lá no espaço
Há tantos anos
luz que não se possa enxergar
Explodir e tudo
começar, ou terminar
Sem que você
possa perceber
Que aquela era
Se era
Mudou
Para melhor, nunca para pior
Pois você ainda é
o mesmo
Mas a era
Aquela que era
Já era
E mudou
E te deixou no
mesmo lugar
No mesmo espaço
E se aquela
estrela que brilhava, explodiu
Ela agora brilha
mais, em pequenas estrelas
A te conduzir
Nesta nova era
Ainda mais
sincera
E bela
Como aquela
Era
Que era
Ela
Tuesday, October 01, 2013
Abissal
Pegou uma foto
para lembrar
Do que o coração estava
a deixar
E foi pedir a
Iemanjá
Um ponto para
cantar
Pra na hora de
voltar
Poder reencontrar
Tudo em seu
devido lugar
Em qualquer noite
de luar
Iemanjá vem lhe
falar
Vai meu filho,
para você te dou todo o mar
Pois na terra, não
há mais o que amar.
Friday, September 20, 2013
7 dias no Tibet
a gente sofre
diz que sofre
acha que sofre
e sofre
por amor
por dinheiro
pela vida
se sofre
é importante
sofrer
e se morrer
de tanto sofrer
vai sobreviver
Monday, September 16, 2013
É Primavera
Aquela chuva anunciou
A chegada de uma nova estação
Molhou os pés
Baixou a poeira
E alterou a minha rotina
Depois de eu esquecer
Até o guarda chuva que peguei
Para te dar
Trago essa rosa
Para te dar
Meu amor...
Hoje o céu está tão lindo (sai chuva)
A chegada de uma nova estação
Molhou os pés
Baixou a poeira
E alterou a minha rotina
Depois de eu esquecer
Até o guarda chuva que peguei
Para te dar
Trago essa rosa
Para te dar
Meu amor...
Hoje o céu está tão lindo (sai chuva)
Friday, August 30, 2013
De pai para filho
Era Natal de 85.
Meu filho já sabia andar e começava a desembestar a correr. Jogar
bola com ele me fazia sentir como estar talhando o talento de um novo Messi.
Achei então que era chegada a hora da tão sonhada bicicleta. Eu havia planejado
este presente com ele o ano inteiro. Na hora de comer, o Papai Noel estava
olhando. Na hora de dormir, o Papai Noel estava olhando. Na hora do banho, o
Papai Noel estava olhando. O Papai Noel nunca viu chantagem. O Papai Noel
sempre via quando comia tudo, quando dormia sem chorar e quando saía cheiroso
do banho. O Papai Noel era tão legal, que no Natal ele ia até a casa das
pessoas entregar pessoalmente um presente personalizado para todas as
pessoas a quem olhava. Bastava apenas enviar uma carta dizendo o que queria e o
porquê. Convencido de que a carta já estava no Polo Norte, a bicicleta amanheceria
em baixo do pinheirinho. Na manhã seguinte, uma euforia invadiu minha noite
ainda mal dormida, após as festividades natalinas em família. Pulava sobre a
minha barriga como se estivesse em uma cama elástica! A felicidade ainda não conseguia
sair em palavras. Com o decorrer do dia, eu quase morri de tanto correr para
cima e para baixo empurrando aquela bicicleta. E assim foi até o fim do ano.
Todo santo dia! Na varanda da vó, no domingo no parque, na garagem de casa. No
dia seguinte após o réveillon, achei que já era hora de tirar aquelas rodinhas.
Tirei uma e passamos a semana criando coragem para também tirarmos a outra.
Criamos todo um momento especial para a retirada da segunda rodinha. A mãe dele
filmava toda a alegria e incentivo que estavam no ar. Era um dia de festa. Um dia muito
especial. Fomos lá então. Corri. Empurrei. Me certifiquei de que já estava
seguro. E sem ele perceber eu o soltei. Dois metros depois, quando meu orgulho de pai
já não cabia mais em mim, o guidão foi prá lá, pra cá, prá lá e pra cá cada vez
mais rápido até a bicicleta, como um touro mecânico, o arremessar de frente no
chão. O capacete protegeu a cabeça, mas o estrago foi grande. O trauma foi
duradouro. Como pai, me senti mal em não ter corrido até o fim, mesmo que ainda
houvesse fôlego. E então deixamos a bicicleta de lado, por um bom tempo.
Voltamos ao futebol no quintal e outros passatempos. Mas eu não parei de
pedalar. E todo final de semana que íamos à casa de praia, eu ia de bicicleta.
Caminhando pelo calçadão em uma tarde de sol, ele viu uma garotinha, que pedalava
de um jeito que parecia chacoalhada pelo vento. Olhou para mim e perguntou se
eu não o ajudaria de novo. Eu respondi que sim. E que desta vez a gente conseguiria! Hoje, dificilmente eu estaria pedalando tanto se não houvesse o seu incentivo
em me acompanhar na decida da serra.
Thursday, August 29, 2013
Não foi por falta de aviso
Sujeito chega no balcão:
- eu gostaria de um produto.
O vendedor:
- nacional ou o importado?
- qual a diferença?
- o nacional custa x e o importado custa 3x.
- mas por que tanta diferença?
- o importado tem mais qualidade. As normas internacionais são mais rigorosas e eles já desenvolvem essa tecnologia há muito tempo.
- ah, entendi. Mais caro, mais qualidade!
- na prática sim, mas na verdade não. O importado é mais barato que o nacional. Mas o governo taxa de impostos para incentivar a venda e a produção nacional. Com o dinheiro dos impostos ele investiria na pesquisa e desenvolvimento para o registro de patentes, mas isto não acontece porque a educação básica não funciona. O governo também alivia o rigor nas normas técnicas para diminuir os custos de produção e manter a concorrência favorável a nossa balança.
- nossa, mas eu só preciso de um produto, não de todos esses encargos.
- pois não doutor. O senhor prefere o nacional ou o importado?
- eu gostaria de um produto.
O vendedor:
- nacional ou o importado?
- qual a diferença?
- o nacional custa x e o importado custa 3x.
- mas por que tanta diferença?
- o importado tem mais qualidade. As normas internacionais são mais rigorosas e eles já desenvolvem essa tecnologia há muito tempo.
- ah, entendi. Mais caro, mais qualidade!
- na prática sim, mas na verdade não. O importado é mais barato que o nacional. Mas o governo taxa de impostos para incentivar a venda e a produção nacional. Com o dinheiro dos impostos ele investiria na pesquisa e desenvolvimento para o registro de patentes, mas isto não acontece porque a educação básica não funciona. O governo também alivia o rigor nas normas técnicas para diminuir os custos de produção e manter a concorrência favorável a nossa balança.
- nossa, mas eu só preciso de um produto, não de todos esses encargos.
- pois não doutor. O senhor prefere o nacional ou o importado?
Tuesday, August 20, 2013
COLÍRIO
Em terra de cego, andava como invisível. As roupas não tinham
as cores da moda e o corte do cabelo não era definido. Seu andar corcunda não
chamava a atenção. A forma física e a pele brilhosa lembravam a uma coxinha. Era reconhecido
pelo tom de voz e o sotaque curitibano. Preocupava-se basicamente em andar
perfumado e em manter um bom hálito. Nas palestras era pontual e fazia questão
de ser bem interpretado. Cansado de ser invisível, optou por mudar-se. Mas as roupas não tinham as cores da moda e o
corte do cabelo não era definido. Seu andar corcunda não chamava a atenção. A forma
física e a pele brilhosa lembravam a uma coxinha. Era reconhecido pelo tom de voz
e o sotaque curitibano. Cansado de ser invisível, optou por mudar-se. Voltou às
palestras, mas agora passou a cuidar-se. Consultou a
todas as especialidades da medicina e mudou seus hábitos alimentares. Parou de
fumar e passou a fazer exercícios. Hoje, as roupas ainda não têm as cores da
moda, mas o corte do cabelo já conta com pelo menos uma penteada antes de sair
de casa. Seu andar corcunda foi corrigido na fisioterapia. A forma física é saudável
e a pele parece de uma pessoa mais nova. Na saída da palestra, ouviu um elogio
ao tom de voz e ao sotaque curitibano. E o invisível passou a ser ouvido.
Friday, August 16, 2013
Tuesday, August 13, 2013
Sem chance
Obstinado, tinha dificuldades com o amor e o sucesso. Era
obstinado demais pelos dois. E os dois eram obstinados por ele. Obstinados, não
conseguiam se dar bem, o amor e o sucesso obstinados.
Monday, August 12, 2013
Boa viagem
Via a vida como
uma vitrine. E sem dinheiro, via na vitrine uma barreira. Mas gostava de
admirar as ofertas, o movimento dos clientes, a vendedora maquiada. Alguma coisa
naquela vitrine lhe chamava a atenção. Prendia sua vista. Tomava o seu tempo. O
fazia esquecer de piscar os olhos. Aquela
vida, aquele mundo, que existiam do outro lado daquela vitrine, pareciam ser
onde queria estar. E todo dia ele ia lá e ficava admirando até as luzes se
apagarem. Num desses dias, a vendedora maquiada lhe olhou, sorriu não mais que
o habitual e foi até a porta em sua direção. Perguntou se ele não gostaria de
entrar, apenas para conhecer a loja. Levemente envergonhado, achou muito
cordial da vendedora maquiada e aceitou o convite. Maravilhado, olhou tudo.
Experimentou tudo. Tocou em tudo. Mas não levou nada. Agradeceu à vendedora
maquiada que lhe atendeu com muita atenção e partiu ao apagar das luzes. No dia
seguinte, ele chegou ao seu ponto rotineiro de observação e reparou que havia um
papel na vitrine, anunciando uma vaga de emprego. Ele não pensou duas vezes e
entrou. Falou com a vendedora maquiada, que falou com a gerente, que falou com
os donos. Ele estava contratado. Seu trabalho era manter a vitrine limpa. De
fora, via a vida do lado de dentro. De dentro, via a vida do lado de fora. E no
apagar das luzes, agora recebia dinheiro. Depois de alguns dias de trabalho, em
seu dia de folga, voltou à vitrine mas não parou. Entrou direto e saiu com a
sua primeira compra. Incontrolavelmente feliz, convidou a vendedora maquiada
para um café no intervalo. Outro dia a convidou para o cinema. Enquanto isso, a
limpeza da vitrine aumentava as vendas. E ele já não sabia mais o que era a vitrine.
Aquele vidro, que era limpo por dentro e por fora, que de um lado era feliz e
do outro também, agora é só um vidro. Que ele só que manter limpo. Por dentro e
por fora!
Sunday, July 21, 2013
Depois daquele inverno
Foi muito legal
ter te encontrado naquele dia. Nunca tínhamos conversado tanto, né? Era
inevitável que depois daquele sorvete não saíssemos para continuar a conversa
com uma cervejinha. De tão bom, tomamos muitas que eu até esqueci meu capacete
no seu carro. Era como se o destino tivesse nos sequestrado de fato. No dia
seguinte, você levou seu cachorro ao pet e ele comeu o capacete. Tudo bem, eu
usei o de garupa para buscar a moto no estacionamento. Quando chegou o dia dos
namorados você me deu um capacete novo, rosa com um convite para um final de semana na sua cabana
de serra. Se o destino havia nos sequestrado, começou a cobrar o resgate. O tempo
estava ótimo, a moto fazia aquelas curvas como se fosse uma apresentação de
patinação artística no gelo. Seu abraço, tão carinhoso, tão envolvente, tão segura
colada ao meu corpo, compartilhando a sua adrenalina com o meu prazer. Os vinhos,
as carnes, as massas, as flores e a joia de noivado. De repente a cabana havia
sido cercada e o destino, acuado, ameaçou nos matar. Nos mudamos então para lá, não
podíamos mais fugir. E reféns do destino, permanecemos por lá nos amando. O
tempo passava e nos amávamos cada vez mais. Até que um dia a cabana foi invadida.
Como em uma missão de resgate, mataram o destino com um tiro certo no peito
logo após o primeiro milésimo de segundo que sucedeu o único chute na porta.
Estaríamos a salvo assim, soltos pela vida, livres do destino.
Samba do post
Nossa intimidade
virou novela
Todo mundo
acompanha em horário nobre
A manicure lixa,
pinta, tira o bife, mas me compreende
A diarista diz
que não me entende
Eu viro o disco, viro
a página, troco até de livro
Mas minha
conversa não tem outro assunto
Nossa intimidade
virou novela
Do tipo que vale
a pena de ver de novo
E quando eu
conheço uma pessoa nova
Não consigo não
tocar no assunto
Tiro a gaita toco
a música que toca alma
Toco partes do
corpo que tocam você
Nossa intimidade
virou novela
Não consigo não tocar
em outro assunto
Hashtag
Pizza curitiba
deliveri
Você quis dizer: Pizza curitiba delivery?
Pizzaria Brasilia.
Atendemos até o fim da sua festa, por
que a gente sabe que tudo acaba em pizza. (traduzir)
8 pedaços, meia
da casa meia chocolate, coca e troco pra 50. 50 minutos.
Chegou a pizza, fim de festa
#fome
#fome
Thursday, May 02, 2013
Só eu sei
Passava o tempo e eu me convencia de que cada dia que eu
vivia a mais era um dia que eu viveria a menos. Toda manhã eu me olhava no
espelho e me via um dia mais velho. Ao me deitar para dormir eu sentia na pele
aquele dia que passou. Mas de repente, aquele copo que estava meio vazio ficou
meio cheio. E acordar passou a ser a grande motivação da minha vida. Todo dia
que se passa, agora, é mais um dia que eu tenho para ser feliz. E dormir, não é
mais só um simples sonhar. Ouvir o seu boa noite, seu bom dia, não é uma questão
de dependência. É muito maior. É entender que dependemos.
Friday, April 19, 2013
E se eu me questionar
Não vou sair por
aí
Sem ter que andar
Não vou sair por
aí
Me incomodar
Não vou sair por
aí
Ter que procurar
Não vou sair por
aí
Me perdoar
Não vou sair por
aí
A me torturar
Não vou sair por
aí
Para gastar
Não vou sair por
aí
E se eu me questionar
Vou sair por aí
Sem ter que andar
Vou sair por aí
Me incomodar
Vou sair por aí
Ter que procurar
Vou sair por aí
Me perdoar
Vou sair por aí
A me torturar
Vou sair por aí
Para gastar
Vou sair por aí
E se eu me questionar
sair por aí
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