Foi muito legal
ter te encontrado naquele dia. Nunca tínhamos conversado tanto, né? Era
inevitável que depois daquele sorvete não saíssemos para continuar a conversa
com uma cervejinha. De tão bom, tomamos muitas que eu até esqueci meu capacete
no seu carro. Era como se o destino tivesse nos sequestrado de fato. No dia
seguinte, você levou seu cachorro ao pet e ele comeu o capacete. Tudo bem, eu
usei o de garupa para buscar a moto no estacionamento. Quando chegou o dia dos
namorados você me deu um capacete novo, rosa com um convite para um final de semana na sua cabana
de serra. Se o destino havia nos sequestrado, começou a cobrar o resgate. O tempo
estava ótimo, a moto fazia aquelas curvas como se fosse uma apresentação de
patinação artística no gelo. Seu abraço, tão carinhoso, tão envolvente, tão segura
colada ao meu corpo, compartilhando a sua adrenalina com o meu prazer. Os vinhos,
as carnes, as massas, as flores e a joia de noivado. De repente a cabana havia
sido cercada e o destino, acuado, ameaçou nos matar. Nos mudamos então para lá, não
podíamos mais fugir. E reféns do destino, permanecemos por lá nos amando. O
tempo passava e nos amávamos cada vez mais. Até que um dia a cabana foi invadida.
Como em uma missão de resgate, mataram o destino com um tiro certo no peito
logo após o primeiro milésimo de segundo que sucedeu o único chute na porta.
Estaríamos a salvo assim, soltos pela vida, livres do destino.
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