Tuesday, May 30, 2006

Cacofonia

Hoje eu quebrei a rotina e espalhei os cacos
Eram tantos cacos... todos atendiam pelo mesmo nome
Era impossível me desfazer da rotina, pois cada caco era parte dela
Estamos rodeados de cacos, pensei
Cada um ao nosso redor, é um caco
O animal, o vegetal, o mineral, o temporal, o atemporal, o social
Quanto mais um quebrava, mais cacos eu fazia
Mais aumentava minha rotina

Decidi juntar tudo
Colar os cacos e fazer um caco só
Ficou gigante
Um caco gigante
Uma rotina estressante, tudo eu tinha que anotar para não esquecer

Juntei tudo e joguei fora
Apaguei as anotações
dei um fim na rotina
não há mais caco(s) para onde olho

é como um museu sem obras
estava feliz assim, até que sem querer quebrei a rotina
um chute errado, mal direcionado
espalhou os cacos
tentei juntar e colar tudo antes que minha mãe chegasse do trabalho e visse
brigasse comigo, mas não deu tempo
apanhei até a aprender nunca mais quebrar a rotina
minha mãe guardou-a dentro do vaso de porcelana chinesa art-nouveau

Mas é estranho saber que hoje eu posso acordar, mudar tudo e dormir.
Acordar arrumar tudo e dormir.
Passar o dia dormindo
Passar o dia acordado
Fazer algo hoje e amanhã apenas lembrar
Fazer algo hoje apenas para lembrar
Viver o amanhã para justificar o hoje
Mudar o amanhã para justificar o ontem

Isto tudo está guardado dentro daquele vaso
Quanto vale aquele vaso?

1 comment:

Anonymous said...

Vaso chinês? Se for da Casa China não mais do que R$1,99.