Monday, July 24, 2006

O Papa era pop... agora é underground

Há algum tempo me mudei para este vilarejo, no qual também habita um imenso dragão de cinco cabeças. De tempos em tempos ele acorda furioso e ataca a vila, cuspindo fogo em tudo o que vê. Não podemos fazer nada, a não ser recomeçar nossas vidas materiais. Quando cheguei aqui, percebi que as coisas eram diferentes. Muitas pessoas (às vezes famílias inteiras) saíam da vila fugindo do dragão. Algumas voltavam, mas ninguém entendia o porquê. Mesmo que explicassem que o pior dragão eram as próprias pessoas que encontravam em outras vilas. Mesmo que explicassem que tudo era caro e que precisava se ter tudo. Mesmo que explicassem que sem nenhum ataque de dragões furiosos pirotécnicos, as pessoas se desfaziam de seus bens construídos em busca de novos bens adquiridos. Ninguém entendia que as cinco cabeças do dragão eram apaixonadas por cinco diferentes camponesas. Apenas eu, que invadi seu sono e tive coragem de acordá-lo. Fui capaz de entendê-lo, apesar do forte mau cheiro que se fazia. Pedi para que parasse, pois machucava as pessoas. Ele disse que estas não o preocupavam, pois sempre partiam. Ele queria proteger as suas camponesas dos males que vem dos outros vilarejos. Expliquei que não era o método mais apropriado. Aconselhei-o que as trancassem no alto de uma torre. Assim estariam todos salvos, as camponesas e a vila. Ele retrucou dizendo que isto é lenda. Pensava em quase desistir quando perguntei: se queres mesmo a felicidade delas, porque então não as deixa ser feliz? Ele disse que só um pode ser feliz, em toda a vila. Em todas as vilas. E que naquela vila, era o dragão e suas cinco cabeças. Era curioso, mas somente uma discursava comigo, outra dormia, outra comia, outra prestava atenção parecendo não entender nada enquanto outra brincava de cuspir fogo nos insetos que se aproximavam. Pedi para que se colocasse no lugar das camponesas e dos habitantes da vila. Ele me disse que seria impossível tal realização, pois dragões são dragões e que era mais fácil eu me colocar no lugar dele. Meio irritado encerrou por me expulsando da vila. Sem mais nenhum mais. Pediu para que eu fosse rápido. Sabia do ele era capaz e assim o fiz, pois para ele, eu era um mal que vinha de outro vilarejo. Na noite seguinte, o mesmo dragão invade meu sono, infestando minha casa de mau cheiro e me pergunta se eu tinha alguma paixão. Respondi que sim. Ele perguntou se era da vila e respondi que sim. Perguntou se era uma das cinco camponesas e respondi que isso não fazia diferença. Ele insistiu e como estávamos sendo francos disse que sim. Ele então perguntou se eu queria ajuda e eu disse que sim. Ele perguntou se eu queria ser o dragão e eu disse que sim. A sexta cabeça? Sim!

4 comments:

Paola said...

Flaxtor! Seu maluco!!! bjos!

Anonymous said...

Oi querido!!!Tenho saudades de vc, viu? Vamos marcar alguma coisinha....
Super bjo ...

Anonymous said...

OOooooohh fuck!!!!!!!!!
Excelente piá, excelente.
Só não entendi o título.

Anonymous said...

Essa é a agonia de quem não tem o que quer ou não pode ser o q deseja? Talvez o fogo seja mesmo uma boa catarse. =]