Saturday, September 30, 2006

FluxoDrama

Os remédios não curam mais minha solidão. Preciso mudar de médico.
Os remédios não curam mais minha solidão. Preciso mudar de médico.
Os remédios não curam mais minha solidão. Preciso mudar de médico.
Os remédios não curam mais minha solidão. Preciso mudar de médico.
Os remédios não curam mais minha solidão. Preciso mudar de médico.
Os remédios não curam mais minha solidão. Preciso mudar de médico.
Os remédios não curam mais minha solidão. Preciso mudar de médico.
Os remédios não curam mais minha solidão. Preciso mudar de médico.
Os remédios não curam mais minha solidão. Preciso mudar de médico.
Os remédios não curam mais minha solidão. Preciso mudar de médico.
Os remédios não curam mais minha solidão. Preciso mudar de médico.
Os remédios não curam mais minha solidão. Preciso mudar de médico.
Os remédios não curam mais minha solidão. Preciso mudar de médico.
Os remédios não curam mais minha solidão. Preciso mudar de médico.
Os remédios não curam mais minha solidão. Preciso mudar de médico.
Os remédios não curam mais minha solidão. Preciso mudar de médico.
Os remédios não curam mais minha solidão. Preciso mudar de médico.
Os remédios não curam mais minha solidão. Preciso mudar de médico.

Friday, September 15, 2006

Né On

Kleitom tinha cinco anos e todo o dia acordava bem cedo para ir à escola. Lá ele tinha uma amiguinha de sala pela qual sentia uma amizade inexplicável nesta idade. Como a cidade em que moravam era muito pequena, eram comuns os encontros incidentais, o que fortalecia a amizade. Na casa de Kleitom, a família era constituída pelos pais e avô, este último que era a figura central da casa, sempre amigo, sempre consciente, sempre sábio, sempre ajudando em tudo, sempre conversando com todos sobre tudo, sempre querido, sempre presenteado. Contudo, o avô voltava para casa apenas algum dia ou outro da semana. E quando voltava chegava cheio de histórias. Era uma alegria muito bem recepcionada. Kleitom cresceu assim até seus cinco anos, quando seu avô veio a falecer. No enterro, Kleitom não parecia abatido ou triste, parecia não entender o que estava acontecendo. Nesta noite, enquanto dormia, Kleitom recebeu a visita de seu avô. Não se assustou, ao contrário, ficou curioso. Seu avô veio lhe contar uma lenda daquela pequena cidade que não poderia ser esquecida e que o menino jamais saberia.
A lenda dizia, na época em que o avô tinha a idade de Kleitom, que no imponente castelo do alto da colina, há alguns quilômetros da pequena concentração urbana em que residiam, visível de qualquer lugar da cidadezinha, habitava um Rei intocável. Era intocável porque não tocava ninguém e ninguém era tocado por ele. Sendo assim, ninguém subia para o castelo e o Rei também não saia de lá. Em vista disso, a lenda afirmava que o morador que subisse a colina e entrasse no castelo seria o “escolhido”, que voltaria para salvar o vilarejo. O escolhido teria todos os poderes em suas mãos, pois poderia tocar a tudo e a todos de qualquer forma. Pois bem, naquela idade o avô não se importava muito com os fatos e por brincadeira resolveu subir a colina rumo ao castelo. A população ficou atônita. As pessoas não acreditavam que havia aparecido finalmente o escolhido. E o menino subiu a colina e entrou no castelo. Todos comemoraram na cidade em uma grande festa! Ao entrar no imponente castelo, o menino se deparou com prateleiras de livros que iam do chão ao teto, não deixando à mostra nenhum detalhe das paredes em todo o castelo que ele descobriu ser inabitado. Ao ver isto, Kleitom pensou: nossa, vou levar uns vinte anos para ler tudo isso...
Vinte anos depois, o menino saiu após ler tudo o que havia no imponente castelo.
Ao avistá-lo descendo a colina, a cidade comemorou o esperado regresso do escolhido. Mas o avô, que na época deveria ter uns vinte e cinco anos, não lembrava da lenda e não entendeu direito o que estava acontecendo. De qualquer forma, comemorou sem chance de escapar, mesmo com muito cansaço, indo logo em seguida para casa dormir. No dia seguinte e por todos os outros que se seguiram, todos o convidavam para que almoçasse, pernoitasse, jantasse, tomasse um cafezinho, assistisse a um filme em suas casas, o consultavam para tudo e qualquer coisa.
Enquanto isso, havia uma menina de cinco anos que todo dia acordava bem cedo para ir à escola. Lá ela tinha um amiguinho de sala pelo qual sentia uma amizade inexplicável nesta idade. Como a cidade em que moravam era muito pequena, eram comuns os encontros incidentais, o que fortalecia a amizade. Na casa dela, a família era constituída pelos pais, irmãos e avô, este último que era a figura central da casa, sempre amigo, sempre consciente, sempre sábio, sempre ajudando em tudo, sempre conversando com todos sobre tudo, sempre querido, sempre presenteado. Ele havia, por exemplo, juntado a mãe da menina e algumas mães costureiras e montou com elas uma cooperativa, com a qual o negócio delas deu um forte impulso, transformando a cidade em um grande pólo têxtil, fortalecendo a economia local sustentável. Contudo, o avô voltava para casa apenas algum dia ou outro da semana. E quando voltava chegava cheio de histórias. Era uma alegria muito bem recepcionada. Mas teve um dia em que seu avô faleceu. No enterro, ela chegou desesperada e aos prantos. Não acreditava no que havia acontecido. Estava inconformada. E como mais um dos encontros incidentais, ela encontrou seu amiguinho de escola, Kleitom, até então sem reação. Ao tentar consolá-la, questiona se ela conhecia o seu avô, e ela por um segundo pára de chorar, olha para ele e diz: mas ele era o MEU avô! Quando viram, a cidade toda estava no enterro, inconformada, em um terrível clima de fim do mundo, fim das esperanças, da alegria, do amor, da vida!
Kleitom olha para o espírito de seu avô e pergunta: o senhor é a lenda? Sim, meu filho! Preciso te mostrar algo. Preciso que venha comigo!
Então pegou o menino pelo ombro e o conduziu colina acima, rumo ao castelo.
A cidade parecia não acreditar, pois o luto era algo ainda muito recente, mas aquela cena gerou uma felicidade contaminante. De novo havia um escolhido subindo a colina. Conduzido pelo invisível.

Saturday, September 09, 2006

AMOR ALÉM DA VIDA

Seu amor por mim é a controvérsia de que todos os homens são iguais.
Seria possível eu realmente ser diferente?
Seria possível você viver sem amar um homem?
Seria possível a exceção ser a nossa regra?
Meu amor por você não se importa pelo fato de que as mulheres são impossíveis de se entender.
Eu te amaria (tanto) se te entendesse?
Eu viveria sem amar uma mulher?
Eu faria da regra uma exceção?
Nosso amor é algo que não existe.
Não nos amamos.
Não queremos um homem
Não queremos uma mulher
Seriamos incapazes de viver um sem outro
Que sejamos nós
Eu e você
Não você, você.

A caverna de Flavião

Houve uma explosão, uma terrível explosão! Um estrondo ensurdecedor... foi uma explosão muito forte. Acabou com o mundo, soterrando uma pequena criança em uma escura e fria caverna. Ela cresceu ali, em meio às ilusões que se criavam nas paredes. Com o passar do tempo ela foi aprendendo a organizar as ilusões e como trabalhar com elas. Com o passar do tempo, ela aprendeu a separar seu amor intangível de suas fantasias, que se misturavam em meio ao álcool que pingava da estalactite. A fumaça que subia de um pequeno vulcão exalava um gás que alimentava as ilusões e mantinha viva aquela criança. Ela passava o dia trabalhando organizando as ilusões, que para exemplificar como eram, preciso que imagine uma pessoa absorvida pela televisão. Porém, as ilusões eram coisas da sua cabeça, enquanto a televisão é uma fábrica de ilusões na cabeça desta pessoa. Naquela caverna ela era feliz, pois tudo funcionava à sua maneira. Mas conforme ela crescia, a caverna ficava cada vez menor. Era preciso mais espaço para mais ilusões. Enquanto o álcool pingava, aumentava a estalactite. Cresceu até o dia em que tampou a saída do pequeno vulcão, secando o riacho q se fazia e eliminando o gás que recheava o ambiente. Neste dia, uma grave crise assombrou nosso(a) personagem. As ilusões passaram a perder o sentido enquanto as dúvidas eram como assombrações. Cada ilusão arquivada gerava uma dúvida. Para reponde-las, foi preciso sair da caverna. É por isso que você está aí.