Tuesday, February 22, 2005

Corrida de sapos

A corrida de sapos consiste em uma disputa entre sapos para descobrir qual deles completa o percurso em menos tempo. Para tal, constrói-se um labirinto de vidro ou acrílico, com as arestas vedadas. Existem duas modalidades: velocidade e irregularidade.
Para ser o campeão da categoria velocidade, o sapo deve chegar ao outro lado do percurso em menor tempo que os demais, sendo que cada sapo corre individualmente. É da responsabilidade do proprietário do sapo incentiva-lo, treiná-lo e até mesmo inscrevê-lo nas competições. Porém todos os sapos dispõe do mesmo artifício para a corrida: são lançados jatos de água salgada fervente em suas costas. Os furos no chão impedem que o labirinto alague e queime os pés do mesmo.
A mesma sistemática funciona para a categoria irregularidade, porém todos os sapos correm ao mesmo tempo. É irregular porque nem todos os sapos são atingidos pelos jatos devido a aglomeração.
Treinar estes sapos é uma profissão muito bem remunerada, assim como é muito bem quista pela sociedade, haja vista que estes campeonatos movem o entretenimento mundial.
Somente 5 treinadores competem na primeira divisão. As torcidas se dividem pelos sapos, já que as apostas envolvem grandes quantias de dinheiro.
Com o passar do tempo, o índice inflacionário das apostas passou desestruturar a economia. O governo interviu e cancelou as corridas e proibiu os treinadores de praticarem suas profissões, o que gerou um trafico de sapos. Os treinadores passaram a atuar clandestinamente. As corridas continuaram, porém de forma ilegal.
O sistema penitenciário sobrecarregou. A justiça estava cada vez mais lenta, devido à quantidade de processos que aumentaram com o tráfico e práticas ilegais com os sapos.
Os sapos, estes, nunca acabavam, pois eram (re)produzidos em laboratório.
A corrupção era evidente, o que multiplicava os cativeiros. O dinheiro começou então a se concentrar nas mãos dos conhecidos como "Máfia dos sapos". Estes mafiosos ficaram tão poderosos que quando atingiram cargos políticos, praticamente tinham autarquia para o que quisessem.
Com o avanço da tecnologia, a cultura da corrida de sapos passou, após muito tempo, a ser antiquada, o que passou a influenciar nos valores conscientizados pelos jovens. Esta nova tecnologia gerou novas formas de entretenimento.
Os jovens lutavam contra seus pais para que se encerrassem as corridas de sapos. Após muitos anos, a cultura se encerrou. Não havia mais apostadores. Não havia mais corridas. Restaram apenas os herdeiros da máfia e suas fortunas.
Como eram estes os grandes investidores, tudo o que era criado de consumo, partia do dinheiro lavado da máfia. Um destes jovens, teve uma brilhante idéia: ficar ainda mais rico!
Decidiu dominar o mundo e comprou um laboratório farmacêutico. Sua fortuna rendia como areia no deserto. Um pesquisador farmacêutico descobriu uma fórmula e ofereceu o produto ao jovem e milionário empresário. Após algumas horas de alucinações e um sentimento de felicidade extrema, questionou o pesquisador sobre a real função do produto. A resposta fez com que os olhos do jovem brilhassem: “Vício!”.
Em pouco tempo, navios cruzavam os mares com festas regadas com o novo produto. Alguns ficavam em chácaras fechadas e o consumo desenfreado do produto era o passatempo. Em casa, na escola, no trabalho, todos usavam o produto. Era tanto dinheiro na mão do jovem bilionário que ele passou a deter todos os terrenos, cada metro quadrado do planeta. Era dono de simplesmente todas as empresas do mundo. Tudo funcionava conforme seus planos.
Fez questão de não deixar herdeiros.
Ontem ele conheceu Ana. Hoje se casou. Amanhã de tudo se desfez.
Ela apenas disse:
- “Para provar que eu o amo, quero que se desfaça de tudo. Só assim terá certeza de que o amo pelo o que é, e não pelo o que tem.
- Se esta é a condição, faço questão de me desfazer de tudo, para provar que meu amor por você não tem barreiras. Disse o jovem.
Até então o mundo era teoricamente perfeito. Todos tinham uma boa qualidade de vida, renda bem distribuída, trabalhos decentes e bem remunerados, justiça social, escola, saúde, bons transportes, afinal o jovem tudo podia.
Para se desfazer de tudo, o jovem realizou um grande jantar de casamento, com mais de 5.000 convidados. Todos haviam passado por sua vida, e mesmo sem ter um contato constante, o jovem guardava estas pessoas com muito carinho. Em baixo de cada prato havia uma empresa para os homens e um terreno para as mulheres.
O jovem e Ana sumiram. Não sabem o que houve depois...

3 comments:

Anonymous said...

é uma rede semântica meio esquisita:

sapo - corrida - dinheiro - corrupção - dó dos bichos - ecstasy - fortuna - amor eterno

=S

Anonymous said...

tudo é muito estranho....

Anonymous said...

Essa é a estória de João de Santo Cristo? Pablo trazia sapos da Bolívia. Agora entendo tudo.