Friday, December 14, 2007

Pode acontecer com você

"Cansei de ser chato. Tenho que ser mais pra aprender a não cansar."

Sunday, December 02, 2007

Melhores amigos.

Hoje eu resolvi levar minha solidão para passear.
Dei a ela um capacete e a coloquei em minha garupa.
Fomos conversando sobre a paisagem e sobre os curitibanos.
Cantávamos um refrão repetidamente.
Voltamos para casa e voltamos aos nossos papéis.
O meu de solitário. O dela de solidão.

Friday, November 23, 2007

será feliz

Enquanto você testa
meus pontos fracos
e eu te mostro
os meus limites

enquanto tento
e não consigo
você mostra
que é possível

enquanto seu sonho
é a minha realidade

vamos fazer de conta
que tudo é um conto
e o nosso final
será feliz.

Wednesday, November 14, 2007

sua importância

Eu queria em um violão
depositar minha overdose
Peço desculpas à memória
Mas preciso esquecer
O tamanho da dose.

Derramo minha força
Perco meus instintos
Falo qualquer coisa
Estou preso

Fui largado por você

Tenho que ficar preso
À minha liberdade
E nela
ser feliz

É só o que faço
Sem você.

Wednesday, October 24, 2007

Um blues de fechar o olho fazendo careta.

Bíblia Sagrada

Em um sítio arqueológico na região de Jerusalém, foi encontrada uma carta, supostamente escrita por Deus, quando enviou Jesus. Ao decifrá-la, a tradução é próxima desta, dizem:

"Queria estudar o máximo q podia, para poder trabalhar o suficiente. Até dizer que era feliz. Finais de semana nos livros e incansáveis horas extras. Mulheres e carros. Mas seu preço era caro. Para ter dinheiro e se drogar. Sair deste inferno que é aqui. Televisão e escravidão. Moda e poluição. Guerra e solidão.

Vendeu a vida e ganhou muito dinheiro, virou cabra macho, executivo, pistolero, doutor, bandido.

Esse meu filho é um perigo!"

Wednesday, October 17, 2007

Frases submersas

Meu dia foi como o seu
depois do trabalho
saí tomar uma cerveja
que desceu
uhummmmmm
que gosto de vida.

Sunday, September 09, 2007

Contatos imediatos

Engenheiro por formação, não tardou a ser bem sucedido. Com um histórico escolar repugnante, já era indicado pelo reitor aos melhores centros de pesquisa ainda enquanto estagiário em uma repartição pública.
Modelo descoberta num fim de semana na praia - que lhe rendeu o término do namoro - adora gastar seu dinheiro com obras de arte. Estuda a arte e sua rica história. Coleciona desde impressionistas à surrealistas. Sempre que vem ao Brasil visitar a família, não perde a oportunidade de visitar o Largo da Ordem. O engenheiro responsável pela obra de seu museu era um dos melhores do mundo. O preferido de Niemayer. Disse uma vez numa entrevista a uma revista feminina (dotava de uma beleza helênica além de se portar sempre muito elegante) que “com um histórico escolar repugnante, já era indicado pelo reitor aos melhores centros de pesquisa ainda enquanto estagiário em uma repartição pública”.
No vernissage que inaugurou o museu homônimo ao pai da modelo internacional, a anfitriã e o engenheiro foram fotografados juntos várias vezes quando conversavam e trocando muitos toques e risos passadas algumas taças de champanhe. No dia seguinte eram capas de revistas e o principal assunto nos salões de beleza. Nenhum flagrante e muita especulação.
Assim que amanheceu, a assessora de imprensa da modelo ligou para o engenheiro e agendou um almoço numa pousada ao pé do pico Marumbi. Já tinha conversado com a cliente, que aceitou o plano. No horário combinado, os dois helicópteros se revezavam ao pousar. Conversaram por alguns minutos sobre o dia anterior, sobre o projeto e um pouco sobre o futuro. Ela escolhe a entrada. Ele sugere a carne e ambos chegam a um consenso quanto ao vinho. Durante a refeição apenas futilidades sobrevoam a mesa. De um lado ao outro. Futilidades. De dar enjôo até em monge. Terminado o almoço, o metre sugere uma sobremesa divina. Ela engasga e, como se fossem amigos a anos, anuncia que está grávida. Ele, que já se via no altar com a modelo, para de respirar, fecha o semblante e dá mais uma servida colherada na sobremesa. Demora a mastigar. Aproveita para fingir pensar numa pergunta, numa reação, mas no fundo está utilizando de toda a força para enforcar até a morte a modelo. Ela percebe que precisa se explicar e comete o que seria um equívoco: “é sério. Estou grávida! E preciso viajar, em breve.” Ele mantém-se quieto esperando mais explicações. “pode não acreditar, mas fui abduzida. Minha família sempre teve contato com extraterrestres. Por isso sou bonita. Por isso fui descoberta. Por isso o amor pelas artes. As artes são a representação do inconsciente do abduzido. Uma mensagem, uma comunicação extraterrena não com os humanos, mas sobre os humanos entre os visitantes de outros planetas. Cada um usa uma linguagem através de nosso inconsciente.”
- Táh! E para aonde vai? Quando terá de viajar? E o que eu tenho a ver com isso?
- Ainda não sei, mas preciso que tome conta do museu.
- Não posso. Tenho muitos projetos importantes.
- Agora essa é a sua missão. Já tem todo o dinheiro que precisa.
Assim que voltaram aos seus cotidianos, o engenheiro recebe a visita de um alienígena em sua casa. Dizia precisar do engenheiro. A nave tinha problemas e não conseguiam voltar. Omitiu não ser mecânico e barganhou a modelo pelo concerto. Pela contraproposta teria que ir junto. Foi.
A assessora de imprensa foi internada como louca após tentar explicar honestamente o sumiço dos corpos. Passou a pintar e a esculpir sob o efeito dos calmantes. Descobriu seu estilo, ganhou sua fortuna e conquistou sua liberdade.

Monday, July 23, 2007

Tays

Procurava coisas novas para minha vida. Entrei num sebo que nos fundos tinha um balaio cheio de fotos. Algumas famosas, outras nem tanto. Entre tantas encontrei a sua. Qual seria o seu nome? Quantos anos teria? Onde mora? Será que fala aquelas coisas que gosto de ouvir à cama? Enfim, olho para fora e já acabou o dia que eu nem vi começar. Eu tento lembrar de ontem pra poder te ligar, continuar a rir das mesmas piadas e poder dizer que te conheci numa foto (que eu tinha encontrado entre tantas num balaio). Mas como explicar? Como explicar? Vou voltar a dormir. Amanhã volto ao sebo trocar sua foto por algum livro com mais personagens. É o melhor que faço.

Wednesday, July 11, 2007

ZUMBI

Para eu poder crescer, matei os fantasmas que me perturbavam.
Então eles passaram a aparecer no escuro antes de eu dormir.
Tinha que dormir, mas eles apareciam no meu sonho para dizer que não eram fantasmas. Eram a minha inconsciência.
Não tenha medo. Mate.
Isso, mate.
Mate seus fantasmas.
Aí, então comece a ter medo.

Wednesday, July 04, 2007

Um alienista.

"Só sei que eu estava tão loco ontem que eu realmente ouvi conversas alienígenas."

Wednesday, June 27, 2007

Cientista Maluco.

Resolvi passar uma noite em claro, montando diversos crachás. Uns azuis claro, com a identificação DW265, outros azuis mais escuros escrito UY743, alguns rosa LZ559, um tanto de verde SQ489, sobrou tempo para montar um punhado de laranjas HFT3 e uns vermelhos O+777. Fui bem cedo até a Rua XV (para quem não conhece é o local mais democrático do Planeta, onde você pode encontrar todo tipo de pessoa a qualquer momento em toda a sua extensão. Dizem que é nessa rua que se realizam as pesquisas eleitorais das quais você nunca participa e que acabam por decidir o resultado das eleições). Passei o dia indo de lá para cá distribuindo os crachás, convencendo as pessoas a nunca mais tirarem e sempre andarem com ele à mostra. Comecei a monitorá-las à distância. Alguns montaram grupos de encontro de determinado crachá pela internet, outros montaram festivais de tudo quanto é coisa a fim de misturar todos os grupos. Chegaram até a montar um movimento de “troque seu crachá com a primeira pessoa que encontrar de crachá diferente e sinta um outro lado da vida”. Mas a maioria já se sentia como o reflexo da imagem do crachá e evitava esse tipo de atitude. Formaram-se bairros, bares, escolas, centros culturais, religiões, universidades, economia, tudo peculiar a cada grupo de crachá. A quantidade de pessoas nem sempre queria dizer que determinada cor era mais evoluída. Nem a proporção de sexo determinava qual sigla era pior. A combinação dos números também não indicavam sorte ou azar. Nada melhorou ou piorou. Mas a intenção com certeza não era essa. Eu só queria que as pessoas tirassem os crachás assim que me dessem as costas!

Wednesday, June 13, 2007

JANELA INDISCRETA

Eu sei que muita gente já escreveu sobre isso, mas eu não posso deixar de relatar o meu ponto de vista.
Admirava a lua, como todas as noites daquele seco inverno. Iluminava a rua, os telhados, as casas. Já se fazia a hora de ficar acordado. Como se conversasse com os anjos. E como um reflexo na água, eu vejo a imagem da sedução. Um corpo perfeito, meio escondido, distraído, por trás da cortina, adora uma água gelada nas madrugadas secas de inverno. Eu queria ser aquela sede. Passei a observá-la. Sempre com sede. Sempre interrompendo minha conversa com os anjos. Notei sua sombra que parecia me vigiar. Te fazia insinuar. Me fazia acreditar, que era você quem estava a me observar.

Tuesday, June 12, 2007

Um minuto de infelicidade que pode durar uma vida toda...

Trouxe a lua nova
para te iluminar
como uma estrela cadente
a me guiar
dois corações carentes
a se encontrar
nesta noite fria
num balcão de bar
eu seria um estúpido
em te amar
jogue suas cartas
e continue a jogar
não me importo em perder
só não quero te largar.

Saturday, June 09, 2007

Por sorte!

Peguei a estrada errada
com paisagens lindas
eram pensamentos tão sinceros
eram pensamentos tão vagos

Parecia tudo tão certo
naquela estrada
nem me parecia mais errada
com paisagens lindas
que deixavam vagas na memória
que me fizeram lembrar você

naquela estrada errada

Wednesday, May 23, 2007

Chupe Aqui

Habitante de Curitiba, cidade natal, “capital ecológica”, sede em 2006 do COP8 e do MOP3, cidadão politicamente correto, escrevo abaixo um roteiro de campanha em defesa da (bio)diversidade. O título deste post é um incentivo à cópia da idéia, caso alguém tenha poder de produzi-la.

Narração masculina, mostrando um garotinho com diversas tampinhas de garrafas: Pedrinho tem uma coleção desde 1932 com mais de três mil tampinhas que herdou de seu avô. Se perder alguma, nunca mais poderá voltar no tempo para recuperá-la. Seu Alceu tem uma coleção de selos. Dona Eliete tem uma coleção de moedas. Carlos tem uma coleção muita rara de revista em quadrinhos. Nos museus estão as coleções originais de arte mais antigas dos melhores artistas. Se por descuido alguém perder uma obra, jamais alguém fará igual.

Até aqui vinham imagens das pessoas e suas respectivas coleções. Quando começamos a falar dos museus, começam imagens de obras famosas, como Monalisa, Guernica, a Merlin Monroe de Andy Warhol e alguma outra importante q não me recordo agora. Seguidas de imagens de maravilhas do mundo (sendo) destruídas, como a muralha da China, esfinge, pirâmides do egito, Taj Mahal, Machu Pichu, Cristo Redentor e alguma outra importante q não me recordo agora, e fecha com a imagem da taça Jules Rimet sendo erguida no tricampenato de 70 (que fui roubada e derretida).

Com uma trilha emocionante e animadora, começam agora imagens de fauna rara e flora desmatada, seguida de belas imagens de fauna e flora e a seguinte narração: Todo ser humano tem uma coleção de espécies e todo ano muitas delas desaparecem para sempre. Não compre e não mate animais silvestres. Não compre e não derrube espécies nativas. Plante! Preservar é construir o mundo em que vivemos. Colecione.

Encerra com a cena saindo de uma cena de TV e indo para a família sentada no sofá assistindo, em plano seqüência e sem som. Corte seco final.

Amar é...

Uma coleção de figurinhas dos anos 80.

Thursday, May 17, 2007

De trás pra frente

Hélio tinha um prazer em trabalhar com os números de deixar a esposa com ciúmes do ábaco. Para Hélio, tudo era convertido em números. O tamanho, o peso, a velocidade, o formato, a quantidade, a idade, o valor, o dia, o ano, a hora, os andares, os degraus, o telefone, o fax, o documento, o protocolo, a medida, a página, o conteúdo, o comprimento, os graus, a latitude, a longitude, o tempo, o espaço, a distância, os itens, subitens, o volume, a área, altura, largura, percentagem, a edição, a ordem, o CEP, o endereço, o cadastro, o registro, o ramal, a sinuca, o bingo, o baralho, a validade, o lote, o código de barras, o valor nutricional, as calorias, as refeições, a geometria, trigonometria, o sexo, o salário, a rádio, a música, o ranking, o placar, a profundidade, os habitantes, a população, a amostra, as inserções, a freqüência, a abrangência, o silicone, a dívida, o empréstimo, os juros, o risco, a probabilidade, o canal, o candidato, as vitórias e derrotas, os namoros, os impostos, a senha, o rebanho, a aposentadoria, a coleção, a safra, os lados, o estágio, a penitência, a pressão, o ritmo, o recorde. Tudo convertido em números. Ficou famoso ao dar nome ao gás.

Wednesday, May 02, 2007

DESTINO

É como sair de casa e ver um gato branco cruzar seu caminho. Ligar o som ou a tv logo cedo e ver a previsão do tempo dizendo para que saia agasalhado, mas com uma regata por baixo e não esqueça o guarda-chuva, por favor, estou avisando! Enfim, é assim que acontece. Falaremos um pouco sobre o destino. Se existe e como funciona. Peguemos o exemplo do Zé Mané, cidadão de bem (quando nascer), trabalhador (quando encontrar um), bom pai (quando for), estudioso (quando foi), fiel em seu relacionamento (quando tiver). Sobre o destino: s. m., concatenamento supostamente necessário de factos e suas causas; fim pré-determinado que orienta as acções e os acontecimentos na vida dos homens; fatalidade; sina, sorte; futuro, porvir; fim, aplicação a que se destina alguma coisa; lugar onde alguém se dirige ou onde se manda ou se deve entregar alguma coisa; direcção, rumo; propósito, tenção (fonte: http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx).
Logo, podemos dizer que o destino de Zé está traçado, pois assim que ele sai de casa, pega o ônibus na porta de casa que o entrega na porta do trabalho. Nenhum congestionamento, acidente, ameaça de bomba, obra na rua é capaz de desviar seu rumo. Isto obriga que ele conviva com as mesmas pessoas que coincidentemente tem o mesmo destino naqueles vinte minutos. Em especial, a Zé Mané. Cidadã cuja qual não se sabe absolutamente nada. Apenas seu apreço por calças apertadas e decotes que jamais a deixaria desempregada. Quando se faz necessário, descem do ônibus e param no sinaleiro antes de atravessar a rua, evitando assim um eventual atropelamento. Não há outra opção se não aguardar o elevador que o leve os 12 andares acima. Até aí, seu destino estava traçado. Ao chegar no escritório, um e-mail cobrando um relatório que era para quarta, mas o chefe vai ter que viajar para São Paulo hoje a tarde e o Zé que se vire. O telefone toca, é da escola de seu filho, dizendo que apanhou de um gordinho e que é para comparecer urgentemente ao pronto-socorro do hospital Pequeno Príncipe. O relatório que se foda.... o chefe que vá para o inferno... horas depois, retorna ao escritório e a secretária - que está quase aceitando seu convite para jantar – diz em tom suave que tem uma correspondência para ele e entrega um envelope desses grandes, em papel kraft. É um currículo, de rapaz recém chegado da Europa, com cursos de todos os níveis (como ele teve tanto tempo assim?). Bem mais novo, mais cheio de gás, mais cheio de criatividade e podendo cobrar um pouco menos... ideal... se não fosse para o cargo do Zé! Quando foi rasgar o papel, o chefe, que olhava pelo aquário da sua sala, interrompe com um olhar e o chama para ver o papel. Levou e confessou covardemente que queria sair porque acreditava que aquele rapaz seria um profissional bem melhor para a empresa. O chefe analisou e lhe deu razão. Até aí estaria tudo traçado? Mesmo a morte da Zé?

Monday, April 23, 2007

Frase do dia

Se fechar a porta, eu quebro a parede.

Tuesday, April 17, 2007

Seres abduzidos

Ontem algumas coisas me tiraram do sério: logo cedo o gordo joga a embalagem do Bis na calçada. Pela tarde, a gordinha (outra coincidência) joga o copo do suco pela janela do ônibus. À noite, um piá que andava em um bando pixa a fachada de loja. Juro que me senti um E.T. Quero voltar pra casa. Telefone.
Mas enquanto o maloqueiro (esse é o termo) pixava, eu andava de skate na rua. A incansável prática de acertar aquela manobra. Até a camiseta dissolver em suor. Foi quando um garoto, rapaz, transeunte, não sei, me chama a atenção e me dá uma aula. Me mostra os erros e como acertar. Confesso que não certei, mas hoje eu vou acertar, nem que minhas pernas travem de câimbra.
Senti como se a nave mãe tivesse vindo me buscar. Mostrar que não estou no mundo errado. Só num universo paralelo em que as almas vivem junto.

Monday, April 02, 2007

Tudo bem?

Obedeci ao chamado. Fui ao pé da colina ouvir a profecia. Todos sabiam porque estavam lá, certo que alguns ainda tentavam descobrir. Ao fim, pedi colo aos meus joelhos. Fugir? Pra onde? Lentamente anoiteceu. O silêncio começava a se transformar em medo. Eram os ruídos longínquos da morte. Aos poucos estávamos sendo invadidos. Assim foi. Sem resistência. Sem choro. Sem perguntas.

Wednesday, March 28, 2007

5º dia útil

Algumas empresas pagam – algumas sistematicamente, outras nem tanto - seus funcionários apenas no 5º dia útil do mês. Isto quer dizer – e parece bem justo – que dia útil é apenas contabilizado como o dia trabalhado. Ora, o desempregado só tem dias inúteis, tanto é que não recebe.... se assim for, vejamos: se levarmos em conta que o funcionário só recebe por “dia útil”, ele só pode gastar seu salário em ‘dia útil”, caso contrário estará no prejuízo ou tendo de fazer economias. Explico: pagando o funcionário por cada dia do mês (ou da semana, como em países de economia mais sustentável) este pode desfrutar do seu domingo para ir ao estádio de futebol, ao cinema, ao circo, ao teatro, ao shopping, à feirinha, à praia, ao raio que o parta! Enfim, não precisará ir na casa da sogra, encher a cara com o cunhado e assistir Faustão. Logo, estará injetando mais dinheiro no mercado, aumentando a economia e gerando mais empregos. Caso só receba por dia útil, terá que guardar a grana da semana para fazê-lo. Mas e a pizza pras crianças? E o novo DVD da Xuxa que a criança viu na TV? O pão? O leite? A escola? O condomínio? A gasolina? O almoço? A janta? O conserto no banheiro? O terno na lavanderia? O livro para a prova? A suspensão que quebrou? O dente que doeu? Enfim... tudo isso entra como despesa ganha por dia útil trabalhado. Se ganhar também pelo dia que não trabalha, terá mais tempo para a família, terá filhos menos problemáticos, será menos corno, será mais culto e mais feliz. Fará mais viagens e terá mais e melhores amigos. No mínimo terá mais dinheiro para investir e fazer planos materiais. É esse funcionário que quero na minha empresa. Feliz e disposto. Sentindo que todo dia é útil. Pois na vida, o que conta, não são os dias trabalhados, mas sim os verdadeiros dias úteis. Os dias realmente vividos, com a família e com os amigos.

Friday, March 23, 2007

O que eu diria se te encontrasse

Você diz que gosta da minha carne... mas quer mesmo é o meu osso.

Monday, March 19, 2007

PIXTO – TAKE IT

Daqui pra frente, você vai me ouvir falar muito sobre PIXTO - TAKE IT.

PIXTO - TAKE IT é uma sugestão. Para ser um Pixto, basta ser bom em seu coração. Pode ser qualquer pessoa. Pode fazer o que quiser. Não há doutrinas. Não há deuses. Sendo bom em seu coração, você estará protegido pelos "Seres Supremos", que funcionam como uma camada de força, camuflagem, armadura, vacina, sei-lá. São a sua defesa. Caso você não seja bom em seu coração em algum momento, corre o risco de perder o poder pleno dessa proteção. Mas é algo que se regenera com o tempo, conforme você volta a ser bom em seu coração. Como saber se é bom em seu coração? Só você sabe... e os Seres Supremos tbm... Enfim, eles também te dão toda a força que for necessária. Força é uma coisa que você não tem, pois é humano(a). Basta evocar (mesmo que inconscientemente) e terás a força que quiser, a qualquer momento. Mas lembre-se, não utilize quando não houver necessidade, ou os Seres Supremos lhe deixarão na mão, pois eles só protegem os Pixtos (o tempo ensinará qual é a hora certa). Mas porque eles protegem os Pixtos? (Bem, agora vem a parte que eu viajo, pois não posso ter certeza do que acontece depois da morte, por motivos óbvios). Os Seres Supremos são seres que vivem no "Estágio 2". Um lugar para onde só vão os Pixtos. Um lugar onde todos são bons em seu coração. A idéia não é necessariamente ir para o Estágio 2, mas é ser bom em seu coração. Sempre. Estar protegido e depois de morrer torcer para que o Estágio 2 exista, para conviver com pessoas e seres de bom coração. Qual é a opinião de(o)(a) PIXTO – TAKE IT com relação às drogas? PIXTO – TAKE IT é a favor da descoberta, já que é fruto de uma descoberta. Faça como quiser para alcançar a sua descoberta. Basta ser bom em seu coração. Para saber sobre felicidade, tristesa, sofrimento, futuro, passado ou outras perguntas freqüentes, PIXTO – TAKE IT não tira dúvidas, apenas sugere para que você seja bom em seu coração.

TAKE IT

Friday, March 16, 2007

Condecoração

Vestiu seu uniforme. Caiu como uma farda. Estavam todos lutando, em busca de um mundo melhor. Nesta batalha, muitos morreram, todos tiveram seus bustos em praça pública, feriados, datas comemorativas, nomes em rua, escola. Ou outra medalha. Não que quem estivesse sem uniforme não quisesse lutar. Eram grandes soldados. Um forte clã. Contra eles, eram poucos. Eram muito fortes. Aqueles não acreditavam em nada. Nem neles.

Na rádio do vizinho

Embeleza
com creme
a tua face

Lambuza
de creme
a tua parte

Uiva
a saudade
à tempestade

O cão ladra
ao ladrão
de ladrilho

Na casa
ao lado
do vizinho

mas se essa
fosse minha
não precisava roubar

Mandava
essa rua
ladrilhar

Saturday, March 10, 2007

Ditadura


Naquele dia a noite
eu traguei o gelo seco do seu show
me derreti como o gelo da sua vodka
e quebrei o gelo da nossa intimidade
faltou claridade
na nossa relação
quem manda é o coração

estraguei tudo
quis continuar
não sei nem escrever
charme
é o meu
em te notar

Tuesday, February 27, 2007

DOMINGO NO PARQUE

Este domingo que passou, levei José e João para um passeio no parque. Estava um belo dia de sol e o calor fazia com que as crianças parecessem cardumes em fuga. Falei a eles que aquilo tudo não passava de uma exposição fotográfica. O pai que empurrava a filhinha na bicicleta. O cão que atrapalhava o jogo de futebol. A namorada que caiu de patins. As senhoras que caminhavam a passos largos. O atleta que treinava sua corrida. Os amigos que brincavam de frescobol. O sorveteiro que parecia não vencer a multidão encalorada. O jacaré que banhava-se ao sol.
José e João, depois de alguns minutos na fila, conseguem comprar um sorvete. Logo em seguida, o atleta que treinava sua corrida tromba com José, que acaba por derrubar o sorvete em João. A cena chamou a atenção de um dos amigos que brincavam de frescobol, fazendo com que este errasse o lance e jogasse a bolinha na ciclovia, por onde vinha a namorada de patins. A bolinha entrou na frente do pé de apoio, desequilibrando-a. As senhoras que caminhavam a passos largos tentaram ajudá-la. No jogo de futebol, a bola também espirrou para a ciclovia. O pai que empurrava a filhinha de bicicleta tenta ajudar e chuta a bola para devolvê-la. O cão que atrapalhava o jogo corre atrás da bola, atropelando as senhoras que tentavam levantar a namorada que caiu de patins. A bola acabou tomando velocidade e indo parar próxima ao lago, onde o jacaré banhava-se ao sol.

Tiraram o jacaré do parque.

Wednesday, February 14, 2007

Eu Amo Carnaval

Eu me mudei para a cidade porque não agüentava mais aquele galo. Cheguei na cidade e tinha um cachorro que latia a noite toda, em vão, solitário, na casa ao lado à que aluguei. “Ah, que saudades do galo!!, ele me acordava cedo, mas pelo menos me deixava dormir um pouco...” pensava durante as noites mal dormidas que já começavam a me deixar de mal-humor. Tempos depois, começaram umas obras da prefeitura na minha rua. Os tratores tinham que trabalhar durante a madrugada, para não atrapalhar o trânsito. Os moradores até q reclamaram (e bastante), mas diziam que os resultados eram em benefício da cidade e que alguns velhos aposentados não seriam obstáculo para uma obra daquela importância. Enfim, só lembro que os ruídos dos tratores durante a madrugada entravam nos meus ouvidos como spray de pimenta nos olhos. Como eu sentia falta do cão do vizinho. Em um domingo, o time rival ganhou o campeonato. Como era domingo, os tratores não trabalhavam e a torcida adversária veio comemorar na minha rua, em frente à minha casa. Não acreditei. “Que saudade dos tratores!” pensei...
Quando finalmente inauguraram as obras, de tarde realizaram a solenidade e na mesma noite já era o desfile de carnaval. Na minha rua. Bem em frente à minha casa. Eu, como tradicional curitibano que sou, me indignei. Pensava: “porra, que saudades dos coxas!” . nessa hora eu pensei melhor, desci as escadas e caí na avenida. Com os indicadores gangorreando ao alto eu gritava: “Eu Amo o Carnaval”!!!!


Tum dum, tiqui tudum dum….

Thursday, February 01, 2007

Vamos fugir?

Cândido estava prezo a uma cadeira de rodas. Não, não estava deficiente, apenas prezo no congestionamento (acho q me expressei mal). O seu celular toca, era a empregada dizendo que precisava ir embora, pegar o filho na escola e que aguardava apenas o dinheiro do ônibus que Cândido insistia em esquecer. Naquele momento um motoqueiro leva seu retrovisor com o qual se distraia com as bundas que desciam a rua (pela calçada). Sem rádio no veículo, subtraído num furto recente, o sangue lhe ferve as vísceras e acaba por despedir a empregada, orientando grosseiramente que volte outro dia pegar o maldito dinheiro do ônibus e o restante do acerto. No mesmo instante, um garotinho vem lhe cobrar pelo show de malabarismos no sinaleiro, que de nada adiantava em ficar verde. Cândido, furioso, indaga: quanto ganha por dia, garoto? Por sinal, qual é o seu nome? Vander, doutor. Ganho em média R$ 60,00 por dia. Em média? Sabe calcular a média, Vander? Sim doutor. É o tanto que preciso para que não falte nada em casa. Ok, garoto. Sabe que me leva R$ 1,00 por dia, né?! Logo, R$ 5,00 por semana. Isso dá R$ 20,00 no mês. Pago R$ 20,00 por mês pra sua família e o governo oferece R$ 15,00 de bolsa-família. Vocês ganham bolsa-família? Sim, doutor. Então, eu te pago R$ 20,00 por mês mais impostos. Eu deveria matá-lo, não acha? Não doutor, deveria me oferecer uma oportunidade. É só o que preciso. Sei... quanto quer pelas bolinhas, para que não precise mais voltar aqui? Troco pelo seu carro, Doutor, para que não precise mais passar por aqui. Ganhamos os dois, doutor. Finalmente comovido, Cândido convida o moleque, ou melhor, Vander, para entrar no carro. Vander teria sua oportunidade. Mas antes que isso acontecesse, dois policiais a cavalo encheram as costas do garotinho de hematomas com seus cassetetes e o botaram para correr. Cândido não pôde nem reagir, pois o trânsito começava a andar e os carros de trás, igualmente impacientes fizeram-no andar na base da buzinada. Cândido não pôde ver o que acontecera com Vander em virtude do espelho quebrado. No dia seguinte, outro garoto fazia o show no mesmo sinaleiro, enquanto a nova empregada ligava no seu celular...

Wednesday, January 17, 2007

Shakespeare dizia que...

Sim
Eu apareço
Eu me pareço
Com você

Sim
Tu és
como
Tu te vês

Um homem
Que se aproxima
de uma dama
que procura um homem

Nem um dos dois reclama
das suas próprias intenções
Até parece que se amam
A lua e o lobisomem.

Monday, January 08, 2007

Despertar

Eu sempre imaginava, sempre soube, que chegava uma hora na vida em que tínhamos que optar por alguma coisa, alguma situação. É maravilhoso esse jogo da vida que nos faz viver. Que nos faz sentir vivos. As opções. Quando duas, já são um problema, mas não dá para reclamar, afinal, grande maioria das pessoas nem mesmo tem opções. Grande maioria tem imposições.
Até o dia em que enviei uma carta ao grande senhor dos sonhos. Ele respondeu me questionando se eu realmente tinha aquele sonho, ou se eu queria uma realidade. Sonhar é fácil! Realizar é acordar e conviver com ele. Convidei então o grande senhor dos sonhos para vir à minha casa, conversar melhor sobre, pois quando escrevi achei estar sendo bem claro quanto ao meu sonho. Porque me questionava? Ele veio. Sentamos. Lhe servi chá. Alguns biscoitos e uma cadeira bamba. Ele trouxe uma maleta. Abriu e tirou dela uma grande roleta. Lhe mostrei a tomada. Ela acedeu várias luzes. Eram várias opções. Era muito barulho. Me pediu para que a girasse. Eu não aceitei entregar meu sonho à sorte. Não era à sorte, disse. Eu tinha de concordar que meu sonho alterava meu destino. Eu não aceitei. Ele me fez então uma oferta. Neguei. Jamais venderia a alma. Outra opção. Igualmente impossível de se aceitar. O grande senhor dos sonhos era um grande vendedor de dúvidas. Girei a roda dos sonhos. Ela rodava como uma biruta na tempestade. Começou a parar lentamente. Antes que ela parasse, cochilei. Não vi onde parou. Quando acordei, o grande senhor dos sonhos já havia se retirado com seus pertences. Na mesa, um bilhete: "parabéns!".