Friday, December 09, 2005

Um pouco de tudo

Meu sexo é a ebulição do meu amor
Meu erro é tentativa fatal
Meu santo é sem andor
Minha ressaca é carnaval

Minha trilha é sonora
Meu dia é construído
Minha vida é samba de roda
Minha noite é fora do trilho

Meu despertador é canibal
Minha viagem é psicossomática
Minha angústia é sobral
Minha inteligência é lunática

Minha regra é respeito
Meu choro é declaração de guerra
Meu dilema é pré-conceito
Meu medo é uma quimera

Minha arma é poesia
Meu vício é anestesia
Meu estilo é rima
Minha poesia é minha

Tuesday, December 06, 2005

Você vai ver

O dia em que o Diabo se converter
Você vai ver
Tudo piorar
O mundo acabar
A alma penar

Você vai ver

O medo acalmar
A confiança aumentar
O choro estancar
A dúvida acalentar
A busca terminar
A felicidade alcançar

Você vai ver
O que vai acontecer
No dia em que o Diabo se converter

O blues sangrar
A igreja inflar
O quente esfriar
A raiva acalmar
Eu me suicidar

Não vou agüentar

Vou assumir e piorar
Serei o novo Diabo
Só pra te atazanar
Sua libido cutucar
Sua sede aumentar
Seu suor te molhar
Seu pensamento encurtar
Sua derme engordar

É de mim que você vai gostar
Procurar
Usar
Gozar

Vou me desconverter
O dia em que o Diabo se converter
Você vai ver

Tuesday, November 22, 2005

Um Apartheid Ideológico

Angu não mata
Engorda o tutu
Carabina caça
Arrevoa garça
Corre tatu
Jovem esperança
Sombra descansa
Árvore dança
Rede balança
Céu azul
Bola corre
Criança corre
Carro corre
Corre ambulância
Leva Dudu
Susto passa
Uma salva
Vida salva
Salva tu
Reclama do trabalho
Do canto do canário
É cana salafrário
Que adoça o educandário
Já dizia Mussum
Camisa rasgada
Calça furada
Face suada
Gaguejadas
Não levam a lugar algum
Casa segura
Dia de chuva
Álcool com uva
Só falta mais um
Pouco de vontade
De idade
De coragem
Malandragem
Angu

Wednesday, November 16, 2005

Quando Fazemos Amor

Sabrina não gostava muito de trabalhar. Até porque não se adaptava muito bem às obrigações. Garantia-se na aproximação que tinha com os chefes. Aproximações que acumulavam várias horas extras de trabalho sexual. Certo dia engravidou de um dos chefes. O chefe não acreditou quando Sabrina disse que o filho era dele, pois imaginava que ela tivesse aquela conduta não só com ele e acabou por despedindo a moça. Grávida, sem conseguir trabalho com a barriga que crescia, tomou às ruas como sustento. A prática da venda do corpo já não tinha tantos bloqueios.
Seu Ernesto era um religioso senhor. Aposentado, adorava ir aos cultos evangélicos pregar. Sempre elegante, Seu Ernesto foi assaltado quando voltava para casa. No momento em que foi rendido pelo assaltante e teve que erguer as mãos ao alto, lhe veio à cabeça a cena diária dos cultos, momento em que ergue as mãos aos céus em louvor, enquanto o Pastor pede doações, que Seu Ernesto generosamente fazia em grandes quantias, já que não tinha netos nem parentes próximos. Associou o culto ao assalto e parou de freqüentar. Passou a ir na zona curtir o pouco de vida que lhe restava e gastar o suado dinheiro da aposentadoria. Foi abordado por uma linda garota. Muito meiga, simpática, de boa conversa. Ela, que estava ali a trabalho, e ele, que não estava ali a passeio, foram direto ao assunto. Em pouco tempo estavam no quarto, na cama, no chão, no banheiro, no sofá, no corredor... ha tanto tempo Seu Ernesto não dava uma que surpreendeu a moça, que também não era nenhuma amadora no assunto e colaborou para que o velhinho levantasse das cinzas. Cliente fiel, Sabrina e Seu Ernesto tinham uma amorosa relação de amor. Ele passava dias e noites na zona. Viajavam, saiam para jantar, para ir ao cinema, para ir ao parque. Pouco a pouco Sabrina se desvencilhava daquela vida. Passou a ter uma vida normal quando Seu Ernesto faleceu e deixou a aposentadoria para o então pequeno filho de Sabrina.

Sunday, October 30, 2005

Na cartomante do parque de diversões.

Concentre-se, feche os olhos. Vejo uma espécie de cárie no seu passado recente. Você sabe o que significa e as dimensões disso. Não posso fazer nada, foge aos meus poderes. Vejo em você uma pessoa muito pura, com anseios múltiplos e diversos amores. É sim... diversos, muito embora você diga que não. Vejo uma pessoa que te entende, te admira, te respeita e que investe em você, mas não é o papel dela. Ela deveria estar fazendo outra coisa, enquanto quem era para estar no lugar dela está frustrado. Isto está frustrando você e todas as pessoas ao redor dela. Enfim, falei isso porque senti que você precisava ouvir. Mas que fique claro que esta pessoa não representa problema, muito pelo contrário. Só que ela infelizmente não é apropriada para o que espera dela. Assim como diversas que passaram em sua vida. Mas dentro de suas limitações, que fique claro que ela faz o máximo. Isto você não precisava ouvir, mas falei para que você fique ciente do nível das suas relações de interdependência. Não se culpe por não fazer as coisas que queria quando não pode. Você não pode! Não adianta ficar almejando certas coisas que julga normal aos outros, porque não é normal. Todos mentem que é normal. Seu mistério é realmente um mistério. Sabemos que não há mistério, apenas bloqueios. Talvez se você criar linhas de ações imutáveis, invariáveis e que não fiquem se adaptando as circunstâncias em que se envolve, suas probabilidades de indignação tendem a ser mais remotas. Mas aviso: não será mais você. Vista sua camisa, mostre sua identidade, contamine com seu carisma, troque informações, ame amar, nunca se apaixone (você saberá quando está apaixonado). Não há o porquê ser agressivo, apesar de você ser agressivo. Você precisa urgentemente, assim que sair daqui, procurar uma atividade que libere sua agressividade. Você está uma nuvem negra carregada de energia agressiva. Isto não é perigoso nem prejudicial, porém te liberta. Vejo que a liberdade é o teu guia. Acredite, Liberdade é um orixá para você. Uma Entidade para a qual você deve muito. Não se preocupe com os pagamentos, ela não cobra, mas é assim que ela funciona: você faz as vontades dela, então ela sempre lhe retribuirá fortemente. É automático, é cru. Mas o importante é que você conhece seu poder. Leve isso mais a sério e terá muito mais energias positivas. Como por diversas vezes. Não se preocupe com números, eles são infinitos. Não se preocupe com pedras, elas regem o ambiente. Signo? Pra você não interessa. As cores emitem ondas que interferem em muitas coisas, mas não agem sozinhas. Pense nisso. Criar não é para poucos, mas não é fácil para muitos. Seu trabalho é criar. Mais que isso, sua missão na Terra é criar. Por isso é criativo. Treine isso. Aos poucos você está ganhando dependentes. Isto é natural da vida, é um processo de perpetuação. De mais importância para isto. Enfim, já passamos nossa hora em 10 minutos, mas não posso deixar que saia daqui sem uma mensagem: prossiga no leito rio, e quando vierem as pedras, a correnteza vai fazer com que desvie, mas não pode impedir o choque. Evite ir às margens, terá que remar para sair. Durma em lugar seguro. Mas durma. Vivo ou morto, não interessa, você está no jogo. Vença!
Obrigado pela consulta, não aceitamos cheques.

Wednesday, October 26, 2005

Dúvidas Freqüentes

Quanto custa uma samambaia?

Monday, October 24, 2005

Saturday, October 22, 2005

Saturday, October 15, 2005

Tuesday, October 11, 2005

Monday, October 10, 2005

Dúvidas Freqüentes

Qual era o critério para que determinado casal subisse à Arca de Nóe para preservar sua espécie durante o dilúvio, deixando que os demais morressem afogados?

Friday, October 07, 2005

Galinha de encrusilhada

Desculpe, não chorei na sua morte.
Também, de novo te faltou sorte!
E que morte...
Bom, não viemos aqui falar disso, certo? Como você está?
Hã? Sério? Já falei pra você não esperar nada dos outros... dá nisso! E cospe esse chicletes. Presta atenção quando eu falo.
Viu só, agora você fica guardando rancor. O que adianta? Esquece... parte pra outra.
Quando você vai fazer aquela viagem? Nossa... já? Que bom! Pena, queria tanto ir junto... te ligo antes pra dar boa viagem, ok?! O que foi? Ta rindo do quê? Não dá nada, não podia ir mesmo...
E aquela dor, nunca mais voltou? Isso é foda, esses remédios acabam com agente. Mas fazer o que, né?! Bem, tenho que ir nessa... o que foi? Ah, sei, sei. O que que tem? Não acredito!!! Namorando? Você? Não pode... vocês não têm nada a ver... ã???? O que???? Casar??? Ta louco? Bebeu, de novo???? Puta que pariu. Então tá né... Padrinho?? Eu?? Fala sério meu?! Claro!!! Porra, como assim o que eu acho? Fiquei feliz pra caralho!!! Mas já sabe que não vou poder te dar um presente muito bom! Como assim não precisa de presente? Ah, é verdade, você ta indo viajar! Mas vocês vão juntos? Cara, é a viagem dos teus sonhos, meu! Pense bem... é, se você acha que ela é a pessoa que você ama a ponto de querer compartilhar estes momentos... é uma opção tua, quem sou eu pra falar alguma coisa?! Mas ela tem grana, também? Achava que ela nem tinha tanta grana.... ah não? Porra cara, você é louco mesmo, definitivamente. Daonde que você tirou essa? Onde já se viu isso, pagar tudo pra mulher.... mas a mulher é tua mesmo, a grana é tua, a vida é tua, foda-se.
Porra, então temos que fazer uma festa antes, pelo menos. Despedida (até) de solteiro... hahahahahahahahaha . beleza, eu ligo pra galera agitando. Vai ser uma puta quebradeira. Vamos chamar aquelas gurias da república, lembra? Topavam todas. Podemos chamar aquela banda de stripers, também... nossa, vai ser a festa... hahahaha. !!!!!Nossa cara, tô atrazadasso. Tenho que ir nessa. Onde você está? Trabalho? Desde quando você trabalha? Mas que merda, vai dizer que quando eu morrer também vou ter que trabalhar? Sacanagem. Agora fiquei de cara. E porque eu não posso viver pra sempre? Você vai voltar? Como? Não sei não, hein... acho que vão te pegar... mas o que acontece se te pegarem? Morre de vez? Putz... dae esqueça. Nem tente. Eu vou ter que ir ai mesmo pro seu casamento. Beleza? Falou então. Até mais.

Monday, October 03, 2005

O Grande Flerte

Nereu era uma das pessoas que aguardavam na fila para entrar na Vida. Deus era o cara encarregado de entregar as fichas de consumação. Sem perceber, Nereu recebeu uma ficha a mais grudada. Não sabe se foi de propósito, já que Deus sempre sabe o que faz, ou se foi vacilo mesmo. Só sei que hoje Nereu curte a vida adoidado, como se não precisasse pagar a conta no final. Uma verdadeira festa. Só não pode deixar que o s seguranças descubram...

Wednesday, September 28, 2005

Traumas de uma Criança Mimada.

Era uma maravilha as tardes na casa da avó. Passear de pônei no jardim, sentir o cheiro do bolo de nozes com chá de pétalas de hibisco, jogar bola com o cachorro desengonçado, subir na árvore centenária, soltar pipa até a linha a estourar, ouvir as histórias da infância de meus pais, da juventude do vovô, dos meus tios que moram no exterior, sem contar quando nevava nas férias. A lareira, o mesmo cobertor xadrez com um furo de traça no meio, as sopas de beldroega (que mal pareciam me fazer), os passeios de trenó nos dias de sol, os filmes regados a vodka (nunca me ofereciam), os animais silvestres que apareciam na janela com o cheiro do almoço. Os aniversários que lá aconteciam, todos reunidos, todos brincavam, todos cantavam, todos conversavam, todos ajudavam na louça, todos ajudavam a limpar a sala e o jardim. Ah! O jardim. Um imenso jardim. Minha avó trocava as plantas conforme se alternavam as estações do ano. Assim que chegava o outono, eu sentia uma inveja tremenda do caseiro que parecia se divertir no tratorzinho que cortava a grama. Será que um dia vovô deixaria eu cortar a grama com o tratorzinho? Enquanto isso eu passeava de pônei. Não lembro o nome do pônei, por sinal nem do cachorro desengonçado. Talvez isto explique o fato de eu tê-lo soltado no inverno o que o fez congelar, matando-o de frio. O cão.... bem, o cão... foi buscar a bolinha que eu havia jogado no lago, e não conseguiu voltar. Também morreu. Hum, o lago... quase me esqueci do lago! O lago ficava meio longe da casa, mas era sempre visita obrigatória. Tinha um barquinho que leva ao outro lado. Do outro lado tinha uma casinha abandonada. Quando fiquei mais velho era ali que eu fumava maconha. Parei quando descobri que ali se matou um padre por ter molestado um moleque vizinho, o qual era meu amigo de infância. Talvez por isso ele (o tal moleque) tenha me incentivado a soltar o pônei na neve... talvez por isso ele tenha me ensinado a jogar bola com o cão desengonçado. Enfim, nunca mais o vi. Me assustei quando o reencontrei me vendendo maconha. Quando fiquei mais velho fazia dessas coisas. Meu avós, morreram, meus pais adoeceram, meu tios nunca mais se corresponderam e meu vizinho foi preso. O caseiro ainda tomava conta da casa, do jardim, do lago, dos animais e eu acabei nunca cortando a grama com o tratorzinho. Por sinal, acho que foi por isso que acabei estragando o freio do tratorzinho. Talvez por isso ele tenha ido parar no lago, afundando com o caseiro que o dirigia, matando-o afogado, já que como o cão, não sabiam nadar. Conforme passavam as temporadas, o mato ficava cada vez maior. Passou a ficar impossível visitar o lago. Certa vez a polícia invadiu o terreno (já não havia mais jardim) em busca de um fugitivo. Encontraram meu ex-vizinho-ex-moleque escondido no matagal. Talvez por isso ele tivesse me convencido a estragar o freio do trator quando fui levar maconha para ele na cadeia. Uma empresa de empreendimentos imobiliários ofereceu uma boa quantia de dinheiro pelo terreno e vendi. Quando pensei estar rico, apareceram meus tios do exterior, levando quase toda a grana no rateio. Fiquei com um montante que não me permitia comprar nenhum imóvel, móvel ou automóvel. Por isto estou escrevendo esta carta, pois agora estou me matando. A vida passou a ser impraticável neste momento. Espero ter uma melhor sorte na próxima vez. Espero também ter aprendido. Espero ter ensinado. Espero que alguém leia e publique.

Wednesday, September 21, 2005

Como fazer da metade um inteiro.

Não quero mais esperar por alguém que não sei quem é. Cansei de procurar alguém que está por vir. Chega de dizer que não sei quem sou. Vou engolir meu umbigo e me cegar ao mundo vigilio. Vou acordar de manhã e ouvir os pássaros, como se fosse o paraíso. Tomar um café bem fervido. Andar a cavalo no campo comprido. Falar com as pessoas como se nada tivesse acontecido. Curar minha fadiga distraído. Encarar de frente o monstro assino e lutar bravamente em defesa do meu ninho.
Não quero mais esperar por alguém que não sei quem é. Cansei de procurar alguém que está por vir. Chega de dizer que não sei quem sou. Vou engolir meu umbigo e me cegar ao mundo vigilio. Não vou mais ouvir seus prantos. Não vou mais acalantar seus desencantos. Não pense que sou santo. Para que me amar tanto? Não confortarei mais seus confrontos. Quero que cresça como Janus.
Não quero mais esperar por alguém que não sei quem é. Cansei de procurar alguém que está por vir. Chega de dizer que não sei quem sou. Vou engolir meu umbigo e me cegar ao mundo vigilio. Vou respirar o seu cheiro. Mover-me na sua energia como um moinho de vento. Te servir de centeio. Ser quem posso, seu alheio. Completar minha metade, minha deficiência, meu tormento. Ver em você algo por inteiro. Como minha imagem no espelho.
Não quero mais esperar por alguém que não sei quem é. Cansei de procurar alguém que está por vir. Chega de dizer que não sei quem sou. Vou engolir meu umbigo e me cegar ao mundo vigilio. Pois em dias de sol quero jogar. Em noites de chuva quero cantar. Você só quer fumar, se embriagar. Sem saber aonde vamos parar. Sem saber se vamos nos encontrar. Sem temer o lobo uivar. Mas nunca deixe a fogueira apagar. Seguirei seu sinal, sem me cansar. Não quero mais esperar por alguém que não sei quem é. Cansei de procurar alguém que está por vir. Chega de dizer que não sei quem sou. Vou engolir meu umbigo e me cegar ao mundo vigilio. Vou me manter sem me render. Sem me entregar. Sem me vender. Sem te enganar.

Monday, September 19, 2005

JOGOS DE AZAR

Pescar com o sogro.

Friday, September 16, 2005

JOGOS DE AZAR

Contar até 1.987.132.136.872.324.578.698.413.524.138.719.871.454.132.411.179.841.213.687.198.415.241.387.412.413.876.541.321.41387136

Thursday, September 15, 2005

JOGOS DE AZAR

Espirrar de olho aberto.

Wednesday, September 14, 2005

JOGOS DE AZAR

Cuspir para cima

Tuesday, September 13, 2005

TRAGICOMÉDIA

Hoje eu quero que meu ódio seja seu medo. Quero acabar com o teu segredo. Quero gritar a desgraça da insegurança aos fracos e gozar a cólera aos ventos. Não quero tremor, vingança ou temor. É época de caos e de horror. Esqueça o sol, ele queima. Esqueça a chuva, ela afoga. Esqueça o dia, ele acaba. Esqueça a brisa, virou vento. Esqueça. Esqueça que eu existo, sou prolixo. Prenda-me, mate-me, devora-me. Vomite-me. Te darei o gosto da diarréia.
Não agüento mais sua mesmice. Não agüento mais seu discurso. Não agüento mais sua idiotice. Não agüento mais suas mentiras. Você sabe que eu te uso. O que eu preciso fazer para que acredite em mim? Pare de acreditar em mim! Então fuja. Vá para aonde eu nunca mais te encontre. Já foi? Responda... Já foi?
Agora quero paz. Acenderei uma fogueira. Limparei a casa. Mudarei os móveis. Queimarei os arquivos. Visitarei sua lápide. Plantarei flores.
Calma? Pensa que estou calma? Pede calma? Está calma? Quem quer calma? Não me irrite de novo. Não me peça violência. Adoro choro, aflição. Dou risada do seu pedido de perdão. Não, não, não. Negação. Agora vá. Suma daqui. Antes que eu te ame, novamente. Antes que eu perca minha mente. Antes que eu te mate, friamente.
Está rindo do que?

Friday, September 02, 2005

Como não ter remoso por não ter remorso?

Dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras... Esta eu não sei quem fez, mas vale a interpretação!

Thursday, September 01, 2005

Por que andar de guarda-chuva sob a marquise?

Juro que ainda não tenho esta resposta, mesmo depois de muito estudo. Caso alguém tenha uma tese, favor publicar no comments abaixo.
Em vista disso, na sessão de hoje discorreremos sobre outro tema: Como fazer para inventar um aparelho medidor de pédepanismo, uma unidade de medida da proporção trabalho X gasto / benefício.
Veja o quão complicado esta tecnologia é: primeiramente devemos estudar os fatores influenciadores, tais como níveis de satisfação, de salário, de carga horária e relação profissional no ambiente de trabalho. Também como é aplicado o dinheiro proveniente desta relação, por exemplo, poupança, boteco, lazer cultural, investimento patrimonial, matrimonial ou até mesmo hormonal. Em seguida, estudamos os frutos gerados por estes investimentos, que podem ser concretos ou abstratos. Esta talvez seja a etapa mais complicada do processo, pois generalizar os casos pode acarretar em resultados precipitados.

Exercício:

Um jovem trabalha 8 horas por dia em um emprego que não lhe dá garantia de estabilidade nem de sustento futuro. Contudo, ele abre mão de todo e qualquer gasto que não seja única e exclusivamente voltado ao seu carro. Devemos descobrir o porque ele gasta uma verba X em um som Y, sendo que este som Y extrapola em N vezes a sua necessidade máxima. Meça o nível de pédepanismo existente nesta situação sendo que, ele alega querer mostrar aos outros, porém, os outros se sentem extremamente irritados e perturbados com a ação.

Na próxima sessão, compararemos os resultados e daremos início à próxima aula: Como não sentir remorso por não sentir remorso? Caso alguém tenha uma tese sobre o guarda-chuva sob a marquise, favor trazer também. O primeiro ganhará um ponto.

Friday, August 26, 2005

Maldita Seja – o futuro do pretérito imperfeito

Complexo é o número que vale o dobro quando precisamos de um quarto. Sufixo é a idéia preliminar da idéia na qual se obtém uma idéia. Se vai ou não, o que importa é o destino. Nunca é a data mais fácil para alegar.
De luneta avistei a lambreta na Emiliano Perneta e o cara tinha doletas em maletas. Uma pimenta malagueta do capeta deixou o motorista em marcha lenta. Não entendi a letra, mas acho que era quarenta. “Malacafenta” – disse. A policia rejeita e o bandido foge com a receita das etas.
Parecia que as cordas haviam se enroscado. Descobrimos quando o sujeito tropeçou. Estava dormindo. Mas nunca mais.
Todo o tempo que se passa, você aproveita, principalmente se tem tempo para aproveitar o tempo.Por hoje é só. Na próxima sessão, por que andar de guarda-chuva sob a marquise?

Tuesday, August 23, 2005

CONTOS MÍNIMOS

> INSIRIR TÍTULO <

> digite seu texto <

Friday, August 19, 2005

CONTOS MÍNIMOS

DOMINGO NO CIRCO

Hahahhahahahhahahahahahahahahahahahahahahahahahaha...

Monday, August 15, 2005

Friday, August 12, 2005

CONTOS MÍNIMOS

O HOMEM QUE GANHOU NA LOTERIA

Não a-cre-di-to !!

Thursday, August 11, 2005

CONTOS MÍNIMOS

CERTO DE ESTAR INCERTO

Putz!!!

Tuesday, August 09, 2005

A (nova) ordem do discurso

Cada problema que resolvo
uma depressão eu desenvolvo.
Perder parece minha cina.
Meu álibi é a regra do jogo.
Não há mais fogo em nossa casa,
apenas choro e brasa.

E seu eu morrer...
O mundo explode, o mundo acaba.

Eu aprendi de um jeito o que se faz de outro
e escrevi direito o que se escreve torto.

dedicado à banda Mei Ming

Monday, August 08, 2005

Novela brasileira

Capitulo 3

Jonas conhecia um Bar, freqüentado por aristocratas no final do século XIX, que ficava na esquina da Cel. Roger com a Macapá. Como que um golpe de esgrima do qual faz soar o alarme, indaga: toma uma cerveja, retirante?
Momentaneamente gago, Severino apenas gesticula com a cabeça, um sinal que não se sabe até que ponto era um sim, não ou talvez.
No BarBoza sentam e Jonas pede uma cerveja. O garçom serve os copos e os enche. Jonas promove um brinde: às mulheres!! Severino, ainda gago, põem mais ênfase na crase: às mulheres!! Um primeiro gole de dar nódulo vocal. Trincando de gelada. Jonas, a partir deste instante, começa a se revelar um incessante fumante.
- Então quer dizer que esta vadia lhe traia?
- Calma, pitoco. Disse que eu dormia com ela.
- Não, disse que dormia com você. E não só com você...
- Sim... é... que... mas... não dorme com ninguém, moleque?
- Quantos exames já fez? Acho bom fazer...
- Em que mundo vive, piá?
- Joga xadrez? Claro que joga!
- Xadrez?? Hahahahaha !!! bem... xadrez? Uhumm... jogo...
- Pode ser o branco! Sabe que o branco sempre começa, né?!
- Ah... sim... claro... que honra... não vou desperdiçar nenhuma oportunidade com você!
- Acho bom.
Enquanto rolava o jogo, a cabeça de Jonas funcionava como uma locomotiva carregada subindo a serra.
- Se pudesse ser alguém, quem seria?
- Humm... O Rei da Arábia!
- Sei... dinheiro, mulheres... cavalos
- Droga! Como fez isso? Comeu meu cavalo...
- Sim! E sendo o rei da Arábia, onde seria seu quarto nupcial, majestade?
- Na torre, é claro. Avistando a chegada dos invasores!
- Agora que já tomei seu transporte e sua morada, como se sente?
- Ainda tenho um bravo exército! Droga... pare....
- A quem o Rei pediria ajuda?
- Aos deuses... Meu Bispo... não!!!! Pare com essa palhaçada.
- Palhaçada? Palhaçada é essa vadia da sua Rainha. Como se sente em vê-la em meus braços? Como sabe se é vontade dela ou vulnerabilidade sua?
- Pitoco, é claro que é vulnerabilidade minha. Sem transporte, bens e proteção, qualquer um perde a Rainha...
- Cheque-mate! Garçom, por favor, mais uma cerveja e uma carteira de cigarros.
Naquele momento, a pretendente de Jonas passa na frente do BarBoza passeando com o cão. Severino a vê. Seu olhar chama a atenção de Jonas que está de costas. Ao se virar, pode você lembrar do momento em que o Professor Girafales encontra Dona Florinda. A mesma música, as mesmas feições.
CORTA.
O cão late e quase come a cocha esquerda do desligado Jonas. Severino se parte de rir.
- Garçom!! A conta, por favor. Hoje meu amigo paga. Por sinal, vocês já se conhecem... não preciso apresentar.
- Já! É o cara que rouba minhas revistas e jornais de manhã e fica me vigiando com uma luneta.
No dia seguinte, Severino ainda conseguia fazer piadas com a desgraça de Jonas. Contudo, nunca mais apareceu para trabalhar. Mudou-se para a casa da mãe e planeja matar Jonas no momento em que estiver fazendo amor com a ex-vizinha.

Fim

Monday, June 27, 2005

Novela brasileira

Capítulo 02

Severino era aquele moleque que fazia questão de ser odiado pelas meninas. Sempre estava aprontando alguma para seu vizinho e sua professora de português era seu alvo preferido. Relaxado com os estudos, não tinha muitas perspectivas de futuro se não fosse pro Exército. Depois de um ano no parque de diversões (assim ele definia o Exército), aprendeu todas as piadas, sátiras e grosserias possíveis, além de o tempo todo estar mexendo em armas, lama, água, jeeps velhos, tanques de guerra e mulheres de zona. Após servir o governo, Severino – sem formação – tentou um concurso público e passou. Era o piadista do setor. Ele adorava encontrar um motivo para envergonhar Jonas, aquele rapaz franzino, sempre quieto atrás do monitor, fumante compulsivo, que envergonhava-se facilmente e raramente tinha resposta. Mal sabia Jonas que Severino era um coitado. Que saía do trabalho para a casa da mãe jantar, e depois beber sozinho em um boteco de sempre. Que era piadista somente para chamar a atenção (afinal um ambiente de trabalho não permite traquinagens).
Um dia, Severino assistia televisão como todos os dias, porém um latido de cão lhe atrapalhava absurdamente. Incomodado, foi até a janela averiguar. Não acredita quando depara-se com o franzino Jonas ensopado na chuva na frente do portão da vizinha. Assiste àquela cena como uma comédia. Não resiste e vai tirar com Jonas satisfações daquilo tudo.
Sente um pingo de inveja da história de amor que escuta, e sente-se obrigado a humilha-lo.
Pensa rápido em uma frase de efeito que soasse como a tampa do caixão de Jonase solta a bomba:
- Como confia em mulher que conhece pela net, pitoco? Essa ai faz 6 anos que mora ai e ha 4 dorme comigo. E não só comigo...Jonas engole seco a saliva, fica alguns segundos sem piscar e repirar.

Continua...

Thursday, June 16, 2005

Novela brasileira

Capitulo 01

Jonas conferiu o endereço: Rua Coronel Roger, 1000. Era ali mesmo. Estava parado diante da casa da garota que conheceu pela internet. Estavam muito próximos do primeiro encontro. Havia chego o limite dos contatos virtuais. Trocaram fotos, trocaram presentes, trocaram discursos de amor, trocaram telefonemas ora amistosos ora mais excitantes, trocaram cenas de libidinagem, mas nunca transaram virtualmente. Ambos tinham a consciência de que era algo corporal, espirituoso, enérgico. Algo inarrável por Nelson Rodrigues.
Jonas se aproxima do portão. Percebe que a distância entre o quintal e a casa exigiria um escândalo. Esperto, procura a campainha. Nota que a mesma ficava estrategicamente postada em baixo da caixa de correio e ao lado da placa que avisava residir ali um cão feroz. - Eram raros os trotes com a campainha (geralmente traquinagens) assim como as visitas de pedintes e vendedores (os quais dotam de uma habilidade incrível de aparecer durante as refeições). Passadas as observações, Jonas adianta-se em direção à campainha da casa número 1000 da rua Cel. Roger. Mais rápido que ele, como Bily The Kid, o cão feroz surgiu (sabe-se lá donde), expondo os caninos, com latidos bravos e botes assustadores. Sem créditos no celular, Jonas aguarda alguns instantes, tentando encontrar uma solução, mesmo com o raciocínio bloqueado pelas insistentes demonstrações de braveza do cão.
No desespero, num ato insano, Jonas arremessa a caixa de trufas recheadas com licor de cassis adentro da garagem, adoçando a fúria do cão, que passou os segundos seguintes devorando as deliciosas e caras trufas de sua dona. Agora com espaço, Jonas enfia o braço pelas grades e com o indicador direito pressiona a campainha. Sem sucesso tenta de novo, com mais pressão. Outra com mais força, outra repetidamente. Não adiantava. A campainha estava com defeito. E quase que a mão de Jonas também, se não percebesse o cão voltando a ataca-lo após comer os chocolates. Sem presentes, o dia de Jonas ainda podia ser salvo, caso não fosse a torrencial chuva de verão que despeça do céu sem aviso. Agora molhado, sem ter o q fazer, Jonas chama pela amada, disputando com os latidos do cão o prêmio de mais chato da Rua. Um moleque oportunista, dirigindo o carro do pai, levava alguns amigos para fumar na pacata Rua Roger, e com velocidade superior à permitida ali, passou sobre a poça d’água, elevando uma onda gigante em direção a Jonas. Não era de acreditar, mas na casa da frente, no outro lado da rua, espiava pela janela Severino, o típico sujeito sarrista do setor em que trabalhavam. Mal sabia Jonas que ali era residência fixa de Severino, que se partia de rir com a desgraça de Jonas. O celular de Jonas toca, finalmente seria a salvação. Mas na verdade era a sua operadora de telefonia avisando que seu identificador de chamadas seria bloqueado caso não efetuasse uma recarga em determinado prazo. A chuva parou. O cão voltou. Severino não agüentou e foi conversar com seu amigo, alvo das piadas no dia seguinte. Jonas explica sua história de amor e que aquela epopéia seria o grande encontro de suas vidas.

continua...

Tuesday, June 07, 2005

Rascunho

Sou seu arquétipo
que não reflete em seu espelho.
Disfarça
E expulsa
Finge não ser o
Tipo que veste a carapuça:
Marcador de páginas
De uma vida de flash e frames.
De sentimentos
Que não passam de momentos.

Wednesday, June 01, 2005

Amor Placebo

É fácil perceber quando tuas vontades são impulsos
Você grita, treme, chora, corta os pulsos.
Quer mostrar ao mundo teu pior lado
Como se pudesse fazer tudo sozinho.
Pede desculpa calado

(a liberdade é teu hino)

Faz de conta que é fantasia
O que não passa de ironia
Cinismo, mentira, hipocrisia
Cuidar da tua vida, fazendo da tua, a minha

Não sei se éramos corpos
Não sei se éramos porcos

Pois no final,
cada um para um lado

dormindo / fumando

(a liberdade é teu hino)
como pobre em cassino
tigre de circo

quero amor, quero amar
não vou trocar o que eu tenho
para te dar

a minha felicidade,

como você, é minha.

Insanidade!

Tuesday, May 24, 2005

A Ilha da Felicidadetardia

Em terra firme, no continente, avista-se a lendária Ilha da Felicidadetardia. A foto do satélite não consegue captar sua posição no mapa: 34°21’24” latitude sul e 18°29’51” longitude leste. Alguns dizem até, que Camões já tinha conhecimento da Ilha, deixando-a de revelar que ali fora refúgio de Vasco da Gama, atraído por sereias, após vencer a épica batalha com Netuno.
A lenda diz que muitos tentam chegar na Ilha da Felicidadetardia, porém ninguém consegue (pelo menos ninguém voltou para contar). Nestor desde pequeno se via ouriçado em conhecer a ilha. Não sabia bem o porquê, mas algo lhe aguçava. A lenda era como um texto publicitário vendendo a melhor margarina do mercado. A imagem que se tinha era a de um paraíso mais belo que um quadro de Monet. O nome deste lugar era: Ilha da Felicidadetardia.
Nestor tinha uma mãe que o amava, uma namorada linda que o amava, um pai rico que o amava, estudo e inteligência. Mas o que ele realmente amava estava longe dele. O que Nestor amava estava na Ilha da Felicidadetardia. Alguns o chamaram de ingrato, outros lhe deram apoio, mas certo de que estava fazendo a coisa certa para si, Nestor decidiu rumar à Ilha! A despedida melancólica - abençoada por Baco - ecoava os sons que saiam dos tambores, que em ritmo frenético traziam as forças enérgicas do bem para acompanha-lo. A fumaça levava consigo as energias fúteis e negativas para que se purificassem no céu.
No barco (foi Nestor quem descobriu com quantos paus se faz uma canoa, contudo, os números destoam entre as testemunhas embriagadas), Nestor rema sobre as ondas, que insistiam em lhe avisar o arrependimento, tentando de todas as formas fazer com que voltasse.
Nestor sabia que nunca houve relatos de sucesso nesta viagem, mesmo assim investia todas as suas fichas nesta que seria a última viagem da sua vida. Chuvas, tormentas, ondas gigantes, sereias tentadoras, Moby Dick, Tubarão, lulas com tentáculos kilométricos. Nada foi capaz de deter a determinação de Nestor.
Já na bonança, a estibordo, avista uma porção de terra cercada de água por todos lados. Após uma gota de lágrima, Nestor conclui: cheguei a Ilha da Felicidadetardia.
Grita, comemora e aporta em meio ao mangue. Desce, caminha e não demora muito para encontrar outros moradores. Pessoas que eram dadas como mortas ou desaparecidas, estavam ali. Porque uma vez ali, ninguém mais quer voltar. Um lugar no mundo onde todos têm medo ir. Um lugar no mundo aonde só chega quem acredita. Um lugar único no mundo, onde a felicidade nunca é tardia.
Interessados em excursão, entrar em contato pelo comments abaixo!

Monday, May 02, 2005

Sem título

Pela janela do meu quarto
Você entrou
E com seu brilho, ofuscou.
Suas asas ventilavam, o calor que abafava.
E sua magia transformou
O que eu não tinha, no que eu não acreditava.

Naturalmente beleza
Natural, da natureza
Seda, correnteza

Por quê?
Cansei de perguntar.
Porquê?
Cansei de responder.
Por quê?
Cansei de perguntar.
Porquê?
Cansei de responder.

Hipocrisia...

Pesadelo social,
Você
Beleza nua, insegura
Como rosa, corta

E faz chorar...

Sua fuga, é carne crua
E os leões,
Ah!
Vão devorar.

Friday, April 08, 2005

a força de uma fraqueza

Felicidade!
Era o que sentia a criança naquela piscina de bolinhas. Parecia uma pipoca no óleo quente. Era mais um presente por outro dez no boletim. Nada tiraria aquele sorriso.
Uma pausa para o almoço.
Depois do churrasco, a coleção de ossos ainda encarniçados deixaram o cachorro eufórico. Seu rabo sacudia de um lado para outro. Era quase invisível.
Enquanto as crianças ainda aproveitavam a tarde ensolarada na piscina, o beija-flor se esbaldava no jardim.
Tia Lídia chamou: “booooolo, hora do boooooolo”
Um parabéns à você para mim. Todos (exceto os tios fotógrafos) tinham pressa em cantar, a fim de disputar os suculentos brigadeiros.
No fim da festa, minha irmã disse: nada do que ganhou compensa minha manhã no parquinho, porque só eu tiro dez nas provas”. Não devia, não precisava, mas retruquei: “nunca, no seu aniversário, vão te dar parabéns, porque virou corriqueiro, hipocrisia”. E a irmã que eu não tenho disse: “cale a boca, você é tão burro que não sabe o que diz...”
Desde então, nossas relações estão cortadas. O cachorro, ainda abana o rabo sempre que alguém se aproxima. Sempre que lhe jogam ossos.

Wednesday, April 06, 2005

Conto do Vigário

É mais forte que eu. Sempre olho para trás. É uma necessidade compulsiva. Tenho que olhar para trás.

E sempre que olho, ele continua a me perseguir. Como um monstro no escuro.
Maldito monstro! Não me deixa descansar.

A cada passo, uma olhada para trás. Às vezes ele some. Mas eu sei que não posso parar, porque ele sempre voltou. Por sinal, continua lá. Acabei de olhar.

Às vezes sinto como se minha fuga fosse carne crua.
Já tentei voar, foi pior. Já tentei me esconder - quase me perdi. Droga!
Ele ainda está lá!

E se eu parar?

Tuesday, March 29, 2005

Colcha de Retalhos

Certamente, o mesmo cara que descobriu a força foi o mesmo que depois inventou os limites. Certamente o mesmo cara que decidiu nos dar limites, foi o mesmo que depois ofereceu o medo. Certamente o mesmo cara que nos encheu de medos, foi o mesmo que tirou nossas forças.

O peso da descoberta são os limites, disse. Discorrendo sobre, o palestrante escorregou em sua contradição, estabelecendo uma nova ordem. Se não há limites, a descoberta não tem peso.

Em carne viva estava a ferida na nuca do telespectador. O mesmo dotava de uma espécie de tique nervoso, que o fazia coçar a nuca assiduamente sempre que se colocava em dúvida.

Pensava: “como terei trabalho para aparar esta grama”.
Penso: “como terei trabalho para rastelar esta grama”.
Pensarei: “como terei trabalho para ensacar esta grama”.

Na aula de ciências, fomos visitar uma estação de tratamento de água. Lá vimos que a mesma, para chegar potável até nós, passa por diversas fases.

Neste momento, um peixe acaba de fisgar um anzol.
Faltaram dicas para Silas não passar na entrevista. Hoje ele se pergunta: por que será?

Colcha de Retalhos

Certamente, o mesmo cara que descobriu a força foi o mesmo que depois inventou os limites. Certamente o mesmo cara que decidiu nos dar limites, foi o mesmo que depois ofereceu o medo. Certamente o mesmo cara que nos encheu de medos, foi o mesmo que tirou nossas forças.

O peso da descoberta são os limites, disse. Discorrendo sobre, o palestrante escorregou em sua contradição, estabelecendo uma nova ordem. Se não há limites, a descoberta não tem peso.

Em carne viva estava a ferida na nuca do telespectador. O mesmo dotava de uma espécie de tique nervoso, que o fazia coçar a nuca assiduamente sempre que se colocava em dúvida.

Pensava: “como terei trabalho para aparar esta grama”.
Penso: “como terei trabalho para rastelar esta grama”.
Pensarei: “como terei trabalho para ensacar esta grama”.

Na aula de ciências, fomos visitar uma estação de tratamento de água. Lá vimos que a mesma, para chegar potável até nós, passa por diversas fases.

Neste momento, um peixe acaba de fisgar um anzol.
Faltaram dicas para Silas não passar na entrevista. Hoje ele se pergunta: por que será?

Friday, March 18, 2005

CLASSIFICADOS

  • O Ministério da Cultura e Lazer está contratando músicos para tocarem em conchas acústicas situadas em espaços públicos. Podem cadastrar-se músicos de qualquer estilo para shows gratuitos de duas horas (pagos pelo governo). Os interessados devem estar inscritos na associação de músicos da sua cidade.
  • ONG seleciona voluntários que sejam pacientes e prestativos para conversar sobre diversos assuntos com idosos em filas de estabelecimentos, principalmente bancos, para evitar que os mesmos o façam com os atendentes, prejudicando assim o atendimento e o fluxo.
  • Auto-escola contrata instrutor especializado em ensinar a dar pisca-pisca antes de qualquer alteração de curso; ensinar o que é, para que serve, onde estão e como funcionam os espelhos retrovisores; ensinar a função de cada cor do semáforo e como e porquê devem ser respeitadas; ensinar didaticamente o que é um carro de som e sua diferença para um automóvel, e que tenha bom gosto para ensinar a teoria do ridículo e suas práticas, principalmente quando referente aos acessórios de um veículo.
  • Casa noturna contrata seguranças capazes de discernir violência, poder e profissionalismo. Estes deverão atuar somente na prevenção de tumultos, atuando de forma educada, preservando assim o nome da casa. Em caso de tumultos de maior amplitude (o que gerará demissão por justa causa, pelo simples fato de não ter a havido a prevenção) os profissionais da segurança poderão agir com maior rigor, porém nunca com violência ou ofensas. A casa deverá sempre ser preservada, afinal nosso cliente é o nosso sustento.
  • Troco controle-remoto, ótima marca, controle de volume, ajuste de cor e brilho da imagem, manipulação de canais, liga-desliga, mudo, entre outras funções, por livro do Julio Cortazar.
  • Vendo alma, virgem, ambiciosa, ou troco por eterno sucesso no show bizz como Rock Star.
  • Alugo elogios.
  • Emagreça com saúde. Não me pergunte como. Resultados garantidos.
  • Ambiente corporativo recruta secretárias com formação em acompanhamento executivo.
  • Empresa de tele-marketing dispõe de vagas para profissionais com deficiência auditiva, capazes de decorar textos. Início imediato, disponibilidade para viagens.
  • Escritório jurídico contrata profissional de advocacia especializado em ética, filosofia e sociologia, obrigatoriamente.
  • Agência de propaganda dispõe de vagas para redator júnior. Favor comparecer com portifólio que demonstre interesse em desenvolvimento de um mundo mais justo, humano e social.

Thursday, March 17, 2005

Aplause

Adonai compra uma carta. Era tudo o que ele precisava, muito embora não fosse o que ele queria. Um coringa naquele instante fez o tempo parar. Alguns pensativos minutos... Pressionado pela mesa, Adonai suja para sempre sua única canastra. Bate, mas com os pontos reduzidos pela metade, nada leva.
Na praça, o artista popular recita alguns versos. Porém em vão. Ninguém se aproxima, ninguém colabora. Tira do bolso um isqueiro com o qual acendia os tranqüilizantes cigarros. Do mendigo que dormia ao pé da igreja tomou de assalto a garrafa plástica de pinga. Tirou o chapéu, levou-o ao chão. Proferiu em forte e baixo tom:
- “Aproximem-se, vamos, aproximem-se. Venham ver com seus próprios olhos. Em poucos segundos atearei fogo em meu próprio corpo e sairei vivo! Vamos, aproximem-se.”
E em poucos segundos uma pessoa parou. Outra que passava, viu esta parar e também parou. Logo em seguida, outro parou com curiosidade. Não demorou muito e uma multidão se amontoava ao redor do artista. Grande maioria, nem sabia o que estava acontecendo, tamanho era o volume de pessoas. Todos se espremendo nas pontas dos pés.
Saindo do jogo, com a sensação de ganhar, mas não levar, Adonai espanta-se com a multidão de desocupados curiosos na praça. Continua seguindo seu caminho, até que ouve o artista entre a multidão ovacionada:
- “Vejam, preparem-se! Neste momento estou derramando álcool em meu corpo. Estão preparados? Isto é um isqueiro, no três pegarei fogo e acreditem: sairei vivo! Um, dois...”
Adonai percebe a loucura do homem, percebe que o mesmo quer se matar em praça pública, aos risos do povo. Um espetáculo sem gorjetas.
Antes do três Adonai já estava no meio da roda e com o isqueiro do artista na mão, impedindo o terrorismo.
Aos poucos a multidão se desfez, em quanto Adonai discutia com o artista sobre vida e morte. Sobre valores e questionamentos. Sobre virtudes e defeitos. Sobre amor e desprezo. Sobre sabedoria e fraqueza. Sobre alma e matéria. Sobre vida e morte.
Atônitos, a platéia aplaudiu de pé o espetáculo. Alguns não acreditavam na precisão do ensaio. Texto perfeitamente decorado. Dramatizações dignas de novela das oito. Texto apropriado e inusitado, acoplado às necessidades daquele povo. Proporcional às moedas e notas que transbordavam no chapéu.
Na noite anterior, Lúcia Len fazia as últimas alterações na produção da pré-estréia de sua peça. Lúcia Len achava ter produzido a galinha dos ovos de ouro. Tinha certeza que seria sucesso de bilheteria. Viajaria o país em turnê, por longos anos. Cecília, atriz de carreira invejável, convida Lúcia Len para um jantar, discutir os últimos detalhes, descontrair, assistir um filme, relaxar.
Já intencionada, Cecília acorda saudável. Lúcia Len intranqüila, toma destino à igreja, no intuito de confessar sua primeira noite de amor com uma também mulher. Desconfortável, presencia aquela cena na praça, a qualidade da peça, a reação da platéia, a tímida arrecadação para tamanha glória. Conversa com os atores no intuito de produzir aquela peça. Promessa certa de viajar em turnê pelo país por longos anos ganhando fortunas.
Os dois atores, que até então não haviam sido apresentados, que até então tinham suas vidas na corda bamba, assinam o contrato.
Anos depois, devido a uma longa noite de jogatina dispendiosa, Adonai faltou ao ensaio. O ator popular morreu queimado frente ao silêncio das cadeiras vazias.

Monday, March 14, 2005

Linhas Paralelas

Meu amor por você é tanto
Tanto é minha vontade de toca-la.
Por você eu suo dia e noite
Escorrendo como suor
Apenas quero tela
Apenas quero ama-la

Seu amor me engrandece
Seu suor nos agiganta
Nosso amor só cresce
Como água e planta

Tudo o que tenho é você
Tudo o que quero é você
Estou cada vez mais próximo de você
Mas quanto mais eu quero mais eu me derreto
Mais você cresce
Eu sumo e você aparece

Esse é o nosso amor.
Lágrimas e terror
Encerrado por uma dinamite
Enquanto éramos estalactite e estalagmite.

Thursday, March 10, 2005

RETRATO FALADO


“Ele (eu digo ele, mas seu gênero é a princípio indefinido) tinha mais ou menos a altura de um gigante. Sua calda era tão longa quanto meu susto. Mas o pior mesmo era o ruído que fazia ao abrir a boca, geralmente antecedendo um cuspir de chamas. Parecia um monstro, mas de figura muito amistosa – sabe aqueles personagens de desenho?
Por alguns minutos permaneci estático, mas percebi que algo só aconteceria a um primeiro movimento meu. Foi quando eu pisquei. Uma chama saiu da sua boca, parecia um catarro no inverno. Acertou-me como o arqueiro acerta o alvo.
Hoje estou aqui. No purgatório. Inocentemente. E exijo justiça. Quero que punam este ser labarento com cara de desenho.”


“Parecia um bonequinho. Daqueles que as crianças perdem por ai. Montava um outro bicho, mas com uma disposição diferente, o qual caminhava com as quatro patas além de possuir um rabo estranho. Este era seu cúmplice por sinal.
O bonequinho era diferente dos demais, pois externamente parecia estar protegido com alguma espécie de proteção metálica, acredito. Portava uma lança, descobri isto quando recitou algo dizendo que meu sangue iria sentir o gosto de sua lança. Quando fui dar risada da situação, engasguei-me. Sem querer cuspi fogo. Por incrível que pareça, a proteção do bonequinho funcionara. Porém o perdi em meio a fumaça que subiu com a árvore próxima. O outro bicho, não dava nem para comer! Tostou. Mas de repente, em meio a fumaça, não há de ver que o bonequinho me enfia aquela lança em meu peito? Que prepotente... Não deu nem tempo de meu sangue sentir o gosto, e vim parar aqui. O que eu faço?”

Tuesday, March 01, 2005

e-feitos (especiais)

Nelson pega sua mochila, preparando-se para mais uma viagem. Sai em rumo a tão sonhada Chapada do São Pedro. Caminha em meio aos cactos, afugentando os mosquitos que insistiam em provar seu sangue. Inusitadamente, um ruído ao fundo lhe chama a atenção. Nelson ignora, talvez seja coisa da sua cabeça cosmopolita. O ruído aumenta, dá quase para decifrar. Nelson parece não acreditar. Uma poeira levanta no horizonte, trazendo consigo uma Kombi, ano 1971, azul claro, com um mega-fone do qual o som de uma voz masculina mórbida recitava: “É o carro do sonho que vai passando... traga a vasilha!”. Nelson não acredita... ignora... até a hora em que lembra do sonho de doce-de-leite que sua avó fazia. Em meio aos cactos e poeira, dirige-se a Kombi e compra um irresistível sonho. Saboreia como água no deserto. Sorvete no verão. Um sonho.
Nelson olha o riacho que corre ao longe. Um bom banho naquele sol seria perfeito para limpar-se, refrescar-se. A figura de um senhor (muito) magro, de longos cabelos bancos que se misturavam com a barba e que à margem parado olhava para o fundo do riacho, lhe chamara a atenção. Antes de entrar no riacho, Nelson tenta encontrar o que o velho parece tanto procurar. Apenas alguns peixes desfilavam entre si, nada além disso. Ao introduzir a ponta do pé direito na água, o velho disse:
- Quer ser um deles?
Nelson não reage. Apenas em movimentos confirma a proposta.
O velho puxa uma bóia. Cede ao andarilho. Nelson despe-se e assenta-se. O corpo flui no leito do riacho. Uma experiência única. Nelson troca de energia com o riacho como um imã na geladeira. Lentamente brônzea seu corpo. Membros relaxados. Parecia um sonho. Não deu nem tempo de Nelson sentir que despencou em queda livre numa cachoeira de 48 metros.
Provavelmente o riacho desaguava no mar, única resposta que Nelson achou quando se deparou na ponta da prancha de um navio pirata. Com as mãos atadas, somente ouvia os gritos de Hey! que marcavam o ritmo da canção em coro. Nelson não tinha muitas opções quando as ordens do capitão agravadas pela espada diziam para que desse mais um passo à frente, aproximando-se cada vez mais da ponta da prancha.
Desesperado, Nelson pergunta:
- “Quais as minhas opções?”
- “Nenhuma”, aclama a tripulação.
A última espadada nas costas levou Nelson ao turbulento mar. Com as mãos presas pouco podia fazer, se não ser deixado levar pela correnteza. Em poucos segundos seu corpo encosta em terra firme. O esforço lhe dera náuseas suficientes pra que regurgitasse o sonho de doce-de-leite.
Ainda de mochila nas costas, dentro de um trem de inúmeros vagões, Nelson se depara com o cobrador lhe pedindo algo em uma língua intraduzível. As mímicas levavam a crer que se tratava do bilhete. (Mas que bilhete? Ele nem sabia o que estava fazendo ali...) O velho ao seu lado conversa com o cobrador e parece resolver a situação. O velho, por sinal, lhe parecia familiar. Mas ambos não conversam. Ao chegarem na estação o velho fala:
- Você desce aqui.
- Porque? Onde estou? Quem é você? O que houve?
- Desça. O trem já vai partir.
Ainda incrédulo Nelson desce do trem. Na estação sua família e amigos lhe aguardavam com ansiedade e saudade. Uma recepção calorosa e festiva.
Ao ler a capa do jornal na banca, a manchete: “Garoto que se perdera dos pais em trem em viagem de férias, é encontrado. Chega hoje na estação principal em viagem de volta no mesmo vagão”.

Friday, February 25, 2005

claro como breu

Chovia muito naquele inferno
Os ventos aumentavam as labaredas acalentadas pela tormenta
O diabo ria como criança no circo
Os anjos tocando trombetas

Toda a força de um pensamento
O medo do cemitério

O café da manhã à mesa
O sol irradia a piscina
O corpo ilustra a cena
O médico informa a família

O tempo esquece os segundos
As lembranças
O jogo
termina

Figura desconfigurada
Anomalia ambígua
Renasce
Sem escolha

Nova chance
Mais uma
Nova história
Mais uma

Circulo
Vicioso
Felicidade
Tardia.

É assim que se faz
É assim que termina.
Quer saber mais?
Haja com ironia.

Tuesday, February 22, 2005

Corrida de sapos

A corrida de sapos consiste em uma disputa entre sapos para descobrir qual deles completa o percurso em menos tempo. Para tal, constrói-se um labirinto de vidro ou acrílico, com as arestas vedadas. Existem duas modalidades: velocidade e irregularidade.
Para ser o campeão da categoria velocidade, o sapo deve chegar ao outro lado do percurso em menor tempo que os demais, sendo que cada sapo corre individualmente. É da responsabilidade do proprietário do sapo incentiva-lo, treiná-lo e até mesmo inscrevê-lo nas competições. Porém todos os sapos dispõe do mesmo artifício para a corrida: são lançados jatos de água salgada fervente em suas costas. Os furos no chão impedem que o labirinto alague e queime os pés do mesmo.
A mesma sistemática funciona para a categoria irregularidade, porém todos os sapos correm ao mesmo tempo. É irregular porque nem todos os sapos são atingidos pelos jatos devido a aglomeração.
Treinar estes sapos é uma profissão muito bem remunerada, assim como é muito bem quista pela sociedade, haja vista que estes campeonatos movem o entretenimento mundial.
Somente 5 treinadores competem na primeira divisão. As torcidas se dividem pelos sapos, já que as apostas envolvem grandes quantias de dinheiro.
Com o passar do tempo, o índice inflacionário das apostas passou desestruturar a economia. O governo interviu e cancelou as corridas e proibiu os treinadores de praticarem suas profissões, o que gerou um trafico de sapos. Os treinadores passaram a atuar clandestinamente. As corridas continuaram, porém de forma ilegal.
O sistema penitenciário sobrecarregou. A justiça estava cada vez mais lenta, devido à quantidade de processos que aumentaram com o tráfico e práticas ilegais com os sapos.
Os sapos, estes, nunca acabavam, pois eram (re)produzidos em laboratório.
A corrupção era evidente, o que multiplicava os cativeiros. O dinheiro começou então a se concentrar nas mãos dos conhecidos como "Máfia dos sapos". Estes mafiosos ficaram tão poderosos que quando atingiram cargos políticos, praticamente tinham autarquia para o que quisessem.
Com o avanço da tecnologia, a cultura da corrida de sapos passou, após muito tempo, a ser antiquada, o que passou a influenciar nos valores conscientizados pelos jovens. Esta nova tecnologia gerou novas formas de entretenimento.
Os jovens lutavam contra seus pais para que se encerrassem as corridas de sapos. Após muitos anos, a cultura se encerrou. Não havia mais apostadores. Não havia mais corridas. Restaram apenas os herdeiros da máfia e suas fortunas.
Como eram estes os grandes investidores, tudo o que era criado de consumo, partia do dinheiro lavado da máfia. Um destes jovens, teve uma brilhante idéia: ficar ainda mais rico!
Decidiu dominar o mundo e comprou um laboratório farmacêutico. Sua fortuna rendia como areia no deserto. Um pesquisador farmacêutico descobriu uma fórmula e ofereceu o produto ao jovem e milionário empresário. Após algumas horas de alucinações e um sentimento de felicidade extrema, questionou o pesquisador sobre a real função do produto. A resposta fez com que os olhos do jovem brilhassem: “Vício!”.
Em pouco tempo, navios cruzavam os mares com festas regadas com o novo produto. Alguns ficavam em chácaras fechadas e o consumo desenfreado do produto era o passatempo. Em casa, na escola, no trabalho, todos usavam o produto. Era tanto dinheiro na mão do jovem bilionário que ele passou a deter todos os terrenos, cada metro quadrado do planeta. Era dono de simplesmente todas as empresas do mundo. Tudo funcionava conforme seus planos.
Fez questão de não deixar herdeiros.
Ontem ele conheceu Ana. Hoje se casou. Amanhã de tudo se desfez.
Ela apenas disse:
- “Para provar que eu o amo, quero que se desfaça de tudo. Só assim terá certeza de que o amo pelo o que é, e não pelo o que tem.
- Se esta é a condição, faço questão de me desfazer de tudo, para provar que meu amor por você não tem barreiras. Disse o jovem.
Até então o mundo era teoricamente perfeito. Todos tinham uma boa qualidade de vida, renda bem distribuída, trabalhos decentes e bem remunerados, justiça social, escola, saúde, bons transportes, afinal o jovem tudo podia.
Para se desfazer de tudo, o jovem realizou um grande jantar de casamento, com mais de 5.000 convidados. Todos haviam passado por sua vida, e mesmo sem ter um contato constante, o jovem guardava estas pessoas com muito carinho. Em baixo de cada prato havia uma empresa para os homens e um terreno para as mulheres.
O jovem e Ana sumiram. Não sabem o que houve depois...

Sunday, February 20, 2005

Horóscopo

LEÃO (22 jul. a 22 ago.)
Astral inclina a escapismo, peso no ar não se sabe de onde, sensação de que está inadequado no ambiente. Descanse, medite, reze e fique de fora. Apenas observe o que se passa dentro e fora de você. Tente arranjar a rotina de maneira a ter horas de leitura agradável e diversão tranqüila.

Friday, February 18, 2005

Lenny Kravitz - Baptism

I don’t want to be a star

I don´t want to be a star
Just want my chevy and an old guitar
I don´t want to be a star
I don´t need the fat cigar

My friends wonder what is wrong with me
´Cause I don´t get off on my fame
I got so much confusion now
Sometimes I don´t even know my name

I don´t want to be a star
Just want my chevy and an old guitar
I don´t want to be a star
I don´t need the fat cigar

Too many distractions run through my brain
So many girls they start to look the same
Too many options no time to choose
Too many clothes, too many shoes

I´ve had the world I´ve done it upside down
I played the part and I´ve been the clown
Now it´s my time, it´s a brand new day
To be myself in a different way

I don´t want to be a star
Just want my chevy and an old guitar
I don´t want to be a star
I don´t need the fat cigar

I got to meet all the wonderful people
I drank with Dylan boy did we act a fool
I got to meet all the fabulous people
I got high with Jagger, it was really cool

I don´t want to be a star
Just want my chevy and an old guitar
I don´t want to be a star
I don´t need the fat cigar

Never, never, never
Never, never, never
Never, never, never
Never, never, never, hey

I say never no no
I say never no no no
I say never no no
I say never no no
I say never no no
I say never no no no no
Never, never

I don´t want to be a star
Just want my chevy and an old guitar
I don´t want to be a star
I don´t need no fat cigar

Thursday, February 17, 2005

Trote (ou engano)

- Alô!
- Alô, quem fala?
- Com quem gostaria de falar?
- Este número é o 568-3369?
- Sim.
- Boa tarde!
- Boa tarde, quem fala?
- Com quem gostaria de falar?
- Ta maluco?
- Eu não sou maluco!
- Ta bom, eu que sou então...
- Então! Se você é o maluco por que pergunta?
- Eu não sou maluco!
- Tá, tá, tá...
- Quem fala, afinal de contas?
- Afinal de contas, com quem gostaria de falar?
- Boa tarde seu Afinal de contas, com quem gostaria de falar!
- Tá bom seu maluco, boa tarde! O que deseja?
- Primeiro que já disse que eu não sou maluco. E quero saber como sabe que meu número é 568-3369?
- Eu tenho identificador, seu maluco.
- Quantas vezes devo repetir que não sou maluco, seu maluco!
- Eu não sou maluco!
- Então porque tem identificador de chamadas?
- Porque sempre ligam aqui procurando este tal de Seu Maluco. Eu já disse, eu não sou Maluco
- Porra, porque não disse antes...
Tu, tu, tu, tu, tu, tu, tu, tu, tu, tu, tu....

Wednesday, February 16, 2005

A melancolia da TV

Esses dias eu estava assisitindo TV, quando me deparei com uma sensação de melancolia. Na mesma hora senti saudades das propagandas de cigarro. Não que eu seja a favor das mesmas - inclusive isto gera uma outra interminável discussão - mas como eram boas aquelas propagandas. Não consigo esquecer o slogan do FREE: "Cada um na sua, mas com alguma coisa em comum". E o que eram aquelas propagandas do Hollywood? Lindas imagens, esportes radicais, eu tinha mais vontade de praticar esportes do que de fumar... E o tradicional Marlboro? Aquela musiquinha, cavalos, o estilo cowboy de viver. Mas nada como as propagandas do Carlton!!! Eu proponho até que a DPZ lance um livro com as campanhas do Carlton (que eu compro). Ou melhor ainda, montar um museu com as campanhas do Carlton, tamanha a arte empregada. Os outros não passavam de produtos sendo vendidos.
Outra coisa que esta deixando a TV mais melancólica é a ausência dos grandes investidores. Afinal, aonde foram parar as cinematográficas campanhas do Itaú? As ilariantes campanhas do Unibanco? Lembra das épicas brigas entre Pepsi e Coca-Cola? Cadê? Existem outras, mas vou me limitar a estas...
Bem, o que na verdade está acontecendo, é que as pessoas estão vendo menos TV e os espaços estão caros. Ou seja, é mais rentável para a empresa promover ações de diversas formas, estando mais próxima do cliente. Este é o caminho certo, mas como eu sinto saudades das boas propagandas...

Tuesday, February 15, 2005

O triste fim de Policarpoquaresma

Um banco sustenta James e sua viola sobre o palco corroído pelos cupins. As caixas de som vomitam as músicas depressivas de James, amplificadas pelo microfone. No balcão, o cotovelo roxo apóia o corpo embriagado de Argemiro. No canto do bar, o barman ocioso traceja mais um plano infalível que o levará a dormir com a garçonete novamente. Na porta do Bar Bosa, o porteiro conta as horas para poder fumar seu baseado enquanto anda em direção ao ponto de ônibus. O relógio de Argemiro apita; os ponteiros estão retos e verticais.
James canta o refrão de uma música própria, sem se cansar, repetindo como se estivesse amargurando um amor: “Quem me dera, amar tanto ela. Quem me dera, passar o tempo sem lembrar dela. Quem me dera esta linha paralela”.
Argemiro chora.
A garçonete, que já o conhecia de clientela, vem consolá-lo. Segura sua cabeça, lhe acaricia os cabelos ralos. Argemiro pede suspiradamente mais uma tequila. A garçonete aconselha que é melhor ele ir para casa.
No canto do bar, o barman assiste àquele teatro: a garçonete, falando ao pé do ouvido de Argemiro, sussurrando juras de prazer, assim como fizera com ele. Talvez ela esteja apenas provocando ciúmes, apenas testando seu sentimento. Ou talvez ela esteja procurando novas emoções. Por via das dúvidas, os dois motivos exigiam somente uma reação: pular sobre o balcão em direção de Argemiro e desconfigurar sua face.
A reação de James é emendar outra saideira, e começa então a tocar “Justiceiro”.
A garçonete grita, chora, mas nada pode fazer além disso. O porteiro, pilando o baseado, ouve os gritos e barulhos de cadeiras. Olha para o baseado e pensa. Pensa... Eis que num risco, ele adentra ao bar após ouvir uma garrafa sendo quebrada. São poucos os segundos que separam o momento em que o porteiro passou pela porta e agiu em separar a briga. Era feio o estado de Argemiro, que não reagiu em nenhum momento, tampouco defendeu-se. Mas o barman, tomado de cólera, só desgrudava a mão da face de Argemiro para tomar impulso para um novo soco. Só restou ao porteiro, partir para cima do barman. Agora era o porteiro, que praticamente marretava o barman, haja vista o carinho que todos tinham por Argemiro. E a garçonete quase desmaiava de desespero. Seu namoradinho apanhando, Argemiro esparramado no chão diluindo-se em sangue e James cantando: “olha só, que cara estranho que chegou...”.
Alguns arruaceiros, que perambulavam pelas ruas ainda aquelas horas, passaram na frente do Bar Bosa. Avistaram a portaria vazia. Gritos dentro do bar. A uma quadra dali, um carro da polícia fazia ronda. Os arruaceiros aproveitavam para arrombar o caixa. Nada restou de dinheiro daquela noite movimentada no Bar Bosa. Ao saírem correndo, deixando algumas notas caírem, foram surpreendidos pela polícia, que também não perdoou e abriu fogo, desferindo disparos em direção aos arruaceiros.
A situação agora era de caos. O barman não respirava mais, Argemiro agonizava, a garçonete em prantos, o porteiro já queimando as pontas dos dedos, James cantando “when the music is over, turn of the lights...”.
No casamento de Argemiro com a garçonete 2 meses depois, James tocava a marcha nupcial, enquanto o porteiro dialogava com um colega de cela:
- Este lugar é um inferno, fazem 2 meses que não sei o que é um baseado. Conversa o porteiro.
- Eu que o diga, tinha acabado de sair, quando eu e uns amigos doidões vimos um caixa de bar sem porteiro. Aproveitamos pra fazer a limpa, mas demos de cara com a polícia metendo fogo na gente...
O porteiro fora condenado a mais 15 anos.

Monday, February 14, 2005

2 X 1

A máquina de escrever registrava aquele depoimento, metralhando letras no papel, deixando o escrivão com caimbras nos dedos e dores no ouvido e cabeça. Nenhuma novidade para o delegado que já havia desvendado o caso. Restavam boquiabertos os componentes do júri e o público que assistia em troca de não fazer nada melhor.
- Sim, fui eu! Disse o réu.
- Não, não foi... Disse o delegado.
Ninguém entendia nada, até que chamaram a única testemunha: Sr. Firmino, o servente de pátio da escola.
Após juramento, Firmino começou a revelar que o réu não estava no local no momento do crime. Para provar, Firmino levou os cadeados dos portões dizendo que os mesmos só abriam com a respectiva chave, fazendo demonstrações, além de afirmar que as mesmas não tinham cópias. Em seguida, levou impresso um documento da secretaria mostrando que o réu já havia passado a carteirinha às 17:50h para saída. Ou seja, era realmente impossível que o mesmo fosse o culpado, até porque ele não poderia estar lá.
O delegado agradeceu e pediu para que Firmino se retirasse.
O réu, já rouco de tanto repetir “fui eu, juro! fui eu!!!” voltou a repetir, arriscando-se a ficar sem voz, o que lhe impediria de tentar argumentações.
O delegado pediu licença, levantou-se, acendeu um cigarro ansiosamente, e com fúria encheu a sua caneca preta com traços longitudinais brancos, de café. Fez questão de não colocar açúcar. Tragou, bebeu, tossiu, babou, limpou, respirou fundo. Lentamente dirigiu-se ao réu e indagou-lhe? Mas porque, filho? Eu sei a resposta, mas quero ouvir da sua boca. Por que?
Um silêncio tomou conta do ar logo após o escrivão narrar as perguntas do delegado. Ouviam-se os olhos piscando, os corações batendo. Línguas entre os lábios mordidos.
“Eu só queria provar que existem falhas, mas mesmo assim vocês não acreditam”.Disse o réu.
Imediatamente o delegado soltou com toda a força de seu ombro, um soco de punho fechado na mesa, fazendo que todos saltassem de susto. E gritou: “Levem-no daqui. Desapareçam com ele. Sumam com esse moleque”.“Burguesinho...” sussurrava o delegado.
Ao ser abraçado por dois policiais que possuíam força o suficiente para dividir um cano de cobre com as mãos, cada um agarrando-lhe um dos braços, viu-se sendo arrastando aos piores destinos. Imóvel, imobilizado, fraco e sem voz, o réu olhou para o delegado e disse: “Fui eu, sim. Agora todos saberão. Só assim saberão.”
O delegado arregalou os olhos, pensou rápido, olhou para o lado imediatamente, avistou no camarote o prefeito fazendo movimentos de negação com a cabeça. Então soltou um grito que na mesma hora fez com que os policiais soltassem o réu e encerrassem os murmurinhos. Sem jeito, o delegado disse: “Vá pra casa, filho! Você nada fez. Nada pode fazer. Foi provado. Ande, vá embora.”
O cigarro do delegado estava metade em brasa.
No dia seguinte, na mesma escola, o garoto continuava o mesmo. Olhos negros, sentado no canto do pátio, saboreando sua maçã com o canivete que carregava no bolso, disparando olhares aos demais que ali brincavam, apenas esperando que alguém o chamasse.

Thursday, February 10, 2005

Comments

Um dos benefícios disto aki é a democracia, é o diálogo. Eu só preciso descobrir como tornar isto possível...

Inauguração

Hoje é dia de festa! Passado o carnaval, nós do mundo dos negócios comemoramos o ano novo! Ou seja, Feliz Ano Novo!!!! Digo também que hoje é dia de festa, exatemente porque está no ar O Legado, um endereço eletrônico onde encontrar textos sobre comunicação & mercado, poesias, artigos sobre sei-la o q e outras coisas q ainda não sei. Mas enfim, ainda não desisti de ter meu fanzine, ter meu jornal, minha revista, minha concessão de TV, minha poltrona de couro reclinável num escritório de madeira no Ministério das Comunicações, minha agência de publicidade com uma secretária gostosa. Não, não desisti. Apenas me rendi a tecnologia e seus benefícios. Sempre em pról da comunicação, claro.